SANTA MARIA (P. Francisco de) [1653-1713].— SERMAM // DA PRIMEYRA OYTAVA // DA // PASCHOA // NA CAPELLA REAL // Anno de 1684. // ‘OFFERECE-O // AO ILLVSTRISSIMO, E REVERENDISSIMO SENHOR’ // ARCEBISPO CAPELLAM MOR // O PADRE FRANCISCO DE SANTA MARIA // Conego da Cõgregação do Evangelista lente de // Artes & Theologia no seu Col- // legio de Coimbra. // ———— // EM COIMBRA. // ‘Com todas as licenças mecessarias.’ // Na Officina de MANOEL RODRIGVES DE ALMEYDA, // Anno M. DC. LXXXV. In-4.º peq. de 23-I págs. Desenc.
“Naceo em Lisboa a 11. de Dezembro de 1653. onde foy vigilantemente educado por seus Pays o Capitaõ Manoel Correa Cavalleiro Fidalgo da Caza delRey, e professo em a Militar Ordem de Christo, e de D. Maria da Sylva de Azevedo. No Collegio patrio de Santo Antaõ se applicou ao estudo da lingua Latina, e Humanidades, e como era dotado de comprehensaõ grande, e rara habilidade se adiantou brevemente a todos os seus condiscipulos, que intentaraõ os Mestres, que passasse da Aula para o Noviciado, e de discipulo para companheiro cujo designio se executou recebendo a Roupeta de Jesuita em Lisboa. Esta acçaõ posto que virtuosa como foy executada sem a faculdade de seus Pays, que o amavaõ ternissimamente, applicaraõ todas as diligencias para que se restituisse a sua Caza, e tantas foraõ as lagrimas, que continuamente derramava sua Mãy na Igreja do Noviciado, que compadecidos os Religiosos lhe permitiraõ, que sahisse da sua companhia em que assistio poucos mezes. Considerando que naõ era decoroso ao seu nome apparecer publicamente sem habito regular supplicou a seus Pays, que lhe permitissem voltar para onde sahira, ou abraçar o Instituto de outra Sagrada Religiaõ. A taõ justificada proposta condescenderaõ os Pays deixando livre ao filho a eleiçaõ do Instituto, que havia observar. Perplexo na resoluçaõ lhe succedeo, que metendo a maõ debaixo do travisseiro da cama em que dormia achou huma estampa em que estava retratado o Veneravel P. Antonio da Conceiçaõ immortal credito da Congregaçaõ de S. Joaõ Evangelista (…) e entendeo, que aquelle acaso era mysterioso, e como tal destinado por mais alta Providencia para receber a murça de taõ florentissima Congregaçaõ o que executou no famoso Convento de S. Bento de Xabregas. (…). Eleito Chronista Geral da sua Congregaçaõ dezempenhou abundantemente as leys de Historiador assim na elegancia do estilo, como na verdade da narraçaõ. Foy hum dos celebres Prègadores do seu tempo merecendo por vezes repetidas os applauzos das Magestades de D. Pedro II. e da Senhora D. Catherina Rainha de Graà Bretanha (…). Da sua sciencia Theologica saõ illustres Panegyristas o Tribunal do Santo Officio, de que foy pelo espaço de trinta annos Qualificador, e a Meza da Consciencia sendo Examinador das Tres Ordens Militares. Da sua charidade para os pobres foy theatro o Hospital Real das Caldas quando foy seu Provedor, e ultimamente da sua prudencia, e benignidade será eterna aclamadora a sua Congregaçaõ, quando foy Reytor do Convento de Santo Eloy de Lisboa, e Geral de toda a Congregaçaõ. Humildemente agradeceo, e heroicamente regeitou o Bispado de Macào em o qual no anno de 1692 foy nomeado por ElRey D. Pedro II. (…)” [’in’ «Biblioteca Lusitama» de Barbosa Machado].