[BANDEIRA (José de Sousa)].— O SINO DAS DUAS HORAS — Comedia Original em cinco actos. ‘Pelo Barbeiro dos Pobres’. — e um appenso da Tia Michaela. Porto, 1840. Imprensa de Alvares Ribeiro. ‘Rua Chã n.º 67.’ In-8.º de IV-148 págs. E.
Inocêncio dá notícia de José de Sousa Bandeira, autor das ‘Cartas de Braz Tisana’ publicadas no «Periódico dos Pobres», nome que mais tarde veio a adoptar no seu próprio periódico intitulado «Brás Tisana».
“Natural de Lisboa, “Era Escrivão judicial na comarca de Guimarães, quando em 1828 foi preso por motivos politicos, e processado pela Alçada do Porto, que o condemnou a degredo perpetuo (…). Transferido da cadêa do Porto para a de Lisboa, e remettido depois para a torre de S. Julião da Barra, ahi jazeu desde 11 de Agosto de 1830, até obter a liberdade com todos os seus companheiros de infortunio em 24 de Julho de 1833.
“É desde alguns annos o decano dos jornalistas portuguezes, por ser elle o que em 1826 começou a redigir em Guimarães o periodico ‘Azemel’. Foi em 1835 redactor do ‘Artilheiro’, passando depois a collaborador do ‘Periodico dos Pobres’ do Porto, (…).
Consultamos também a «Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira» onde se pode ler ter sido intransigente defensor das ideias liberais. “Em Guimarães, onde desempenhava o cargo de escrivão do judicial na comarca, fundou, em 1826, ‘O Azemel Vimaranense’, periódico de significação avançada para a época, em que fêz uma ardorosa e persistente campanha a favor das doutrinas políticas que professava, o que lhe valeu perseguições sem fim até ser prêso e encarcerado na cadeia da Relação do Pôrto.
Decretada a amnistia, voltou para Guimarães e ali foi recebido como chefe do Partido Liberal.” Quando D. Miguel tomou posse do governo em 1828, foi julgado pelos tribunais e condenado a degrêdo perpétuo para o presídio de Pungo-Andongo, na África, tendo mais tarde sido levado para Lisboa, para a Tôrre de S. Julião da Barra. Recuperada a sua liberdade em 1833, continuou a sua luta pela causa liberal. Em 1935 foi redactor do ‘Artilheiro’, passando a colaborar no ‘Periódico dos Pobres’, do Porto, onde escreveu os folhetins que lhe deram grande celebridade intitulados ‘Cartas de Braz Tisana’. “O seu pseudónimo ocasional, ‘Braz Tisana’, serviu-lhe de título para um jornal que, ao desligar-se do ‘Periódico dos Pobres’, em 1851, lançou à publicidade com o mais estrondoso êxito.”
Por lapso esta obra vem registada no ‘Catálogo dos Condes de Azevedo e de Samodães’ em nome de José da Silva Mendes Leal Júnior; na ‘Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira’, novo lapso. Embora com o nome do autor correctamente registado, dá erradamente como título da obra «O Livro das duas horas».
Encadernação modesta, de recente execução. Um pouco aparado e com as capas da brochura conservadas.