GAGO (João Nunes).— TRATADO // PHIZICO – CHYMICO – MEDICO // DAS // AGUAS DAS CALDAS // DA RAINHA // No qual se oncorporou a Relaçaõ da Epidemia // que pelos fins do anno de 1775, e todo o // de 1766 se padeceo no sitio do Seixal, // ‘DEDICADO’ // AO ILL.MO, E EX.MO SENHOR // MARQUEZ DE ANJEJA // Do Concelho de Sua Magestade, e Prezidente // do Real Erario, &c., &c., &c., // (…) // [marca da tipografia] // LISBOA, // NA TYPOGRAFIA ROLLANDIANA. // ==== // MDCCLXXIX. // ‘Com licença da Real Meza Censoria. In-8.º de XVI-289-VII págs. E.
Livro bastante raro, com interesse para a história do termalismo nas Caldas da Rainha e provavelmente o primeiro que dá notícia do sítio do Seixal, onde entre 1775 e 1776 ocorreu uma ‘epidemia’.
Do «Prologo», transcrevemos: “(…) porque as Aguas das Caldas da Rainha são as principaes de que fazem uzo os nossos Medicos, e as que lhes merecem o maior apreço, por ellas comessarei o meu trabalho.
“Ordenarei a historia dellas desde o seu principio, encostando-me ao Author, que me pareceo mais veridico: fallarei de demolição, e reedificação do edificio que ali serve o Hospital, e que tem dentro a nascente destas Aguas; e depois de inculcar por meio das repetidas analyzes, os principios mineraes, que lhes daõ a virtude, direi quaes ellas sejaõ, e como se pódem deduzir de huma panacea assim constituida, e verificada tanto pelas experiencias praticas que eu tenho feito, como pelas que os outros me tem communicado, explicarei por fim como se deve uzar dellas, e acodir a emendar os abuzos, com que ellas se applicaõ em banhos, e emborcaçoens, mostrando quanto mais util he o uzar dellas em bebida, e como se deve pôr em pratica este remedio assim tomado.”
De págs. 257 a 289 vem a «RELAÇAÕ ‘Da Epidemia que pelos fins do anno de 1775, e todo o de 1776, se padeceo no sitio do Seixal’», onde o o autor, para além dos conselhos médicos que observa, nos dá um interessante retrato desta “povoaçaõ de mais de 3000 almas”, “situada defronte da Cidade de Lisboa”.
Conforme declara Inocêncio no ‘Dicionário Bibliográfico Português’ o autor foi “Medico da Sancta Casa da Misericordia de Lisboa, onde ainda exercia a clinica em 1785, (…). Depois retirou-se para Tavira, sua patria, e consta que era ainda vivo em 1788. Foi Correspondente da Academia R. das Sciencias de Lisboa.” Acerca da obra, única publicada pelo autor, acrescenta: “Parece não de todo inutil, pelas noticias que contém. É obra hoje quasi ignorada, mas a que alguma eventualidade futura póde mui bem resuscitar [sic] do esquecimento, (…).” Segundo apuramos na «Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira», “Em Tavira [o autor] fez parte da Junta Provisional instituída após a expulsão dos Franceses do Algarve, em Junho de 1808, e promoveu a construcção do pequeno balneário em que ainda hoje se utilizam as águas termais da Fontinha-da-Atalaia. (…)”.
O último grupo de páginas contém um «Catalogo dos livros impressos á custa de Francico Rolland, impressor livreiro em Lisboa, na esquina da Rua do Norte».
Encadernação da época, com defeitos na lombada. Com ténues vestígios de humidade.