MELLO (Francisco de Pina e de).— TRIUMPHO // DA // RELIGIAÕ. // Poema Epico-Polemico; // QUE // A’ SANTIDADE DO PAPA // BENEDICTO XIV. // ‘DEDICA’ // FRANCISCO DE PINA // E DE MELLO, // Moço Fidalgo da Casa de Sua Magestade, e / Academico da Academia Real da Historia // Portugueza. // [pequena gravura coroada, ladeada de plumas] // COIMBRA: // Na Officina de ANTONIO SIMOENS FERREYRA, // Impressor da Universidade, Anno de 1756. // —— // ‘Com todas as licenças necessarias.’ In-4.º peq. de XXIV-LV-III-331-[I] págs. E.
As páginas preliminares comportam, para além da folha de frontispício, as respectivas Licenças do Santo Ofício [Fr. Bernardino de S. Rosa; Fr. José Caetano de Sousa], do Ordinário [Fr. José da Trindade] e do Paço [Luís Francisco Pimentel], Erratas seguidas de uma «BREVE, Que o Santissimo Papa reinante concedeu ao Author deste Poema (…)». O primeiro grupo de folhas, paginadas de I a LV o «PROLEGOMENO PARA A BOA INTELLIGENCIA, E CONHECIMENTO DO POEMA» a que se segue, no verso da última folha, uma «ADVERTENCIA». A folha seguinte tem estampado o “Psalm XXXIX, V. IV”. O corpo principal do volume é constituído pelo ‘Poema Epico-Polemico, TRIUMPHO DA RELIGIAÕ’ composto de IX Livros ou Cantos que compreendem os seguintes títulos: «Contra o Atheismo», «Contra o Polytheismo», «Contra o Deismo», «Contra o Libertinismo religionario»; «Contra o Libertinismo Cyrenaico», «Contra o Mahometismo», «Contra o Hebraismo», «Contra o Lutherismo, e Calvinismo» e «Contra os Incoherentes».
Da «Licença» de D. Frei J. Caetano de Souza, Qualificador do Santo Offício, transcrevemos: “Li o ‘Trirmpho da Religiaõ’ cantado em nove livros de hum ‘Poêma Epico polemico’. A doce, util, suave liçaõ deste volume me instruio, e deixou arrebatado; elle voa e leva em si hum anathema ou maldiçaõ contra os principaes erros que perturbaõ o entendimento dos fieis; elle me trocou com importantes interesses o Caracter sevéro de Censor no respeito, ardor, e ventura de dicipulo. Concebi huã grande ideia, penetreime de sentimentos sobre a grandeza desta obra, os quais naõ sey medir mais q̃ pelo nome do seu Author; e naõ achei melhor proporçaõ. ‘Francisco de Pina, e Mello’ illustre por nascimento, e por merecimentos, ainda mais illustre por si, sendo-o muito pela natureza, deu à luz este parto naõ de monte, mas sim da eminente capacidade do seu profundo juizo. Elle deve a origem, e sãgue aos ‘Pinas’ chefes desta Familia em Aragaõ; Isabel a trouxe a Portugal, nelle tiveraõ os seus maiores as estimaçoens que lhe continua este descendente bem capaz de ser tronco de sua genealogia, de que he ramo. A Magestade Fidelissima o conta entre os familiares da sua caza no exercicio de Moço Fidalgo. A sociedade Real das Sciencias, e Bellas letras, da Historia Portugueza, e Latina tem a gloria da sua Companhia, e estudos. […]. O seu nome será eternamente celebre na memoria dos homens, no ‘Christianismo’, e na Fama: esta obra he o monumento mais perenne que o bronze, he a estatua equestre; elle a delineou e lavrou com a penna; a pezar do seu desinteresse nobre debuxou assim huma imagem do seu engenho, e gloria, à qual adorará a posteridade. Não sey que haja em Portugal quem dispute a ‘Francisco de Pina, e de Mello’ a vaidade de primeiro nesta nova producção, elle he o Author, e inventor: poderaõ conceber estimulos poderozos, e secũdos os espiritos Portuguezes para a imitaçaõ, este será o eterno louvor deste exemplar. Na Bibliotheca do Vaticano terá distincto lugar entre os veneraveis defensores do ‘Christianismo’ […]
Inocêncio refere a existência de um retrato do pontífice que alguns exemplares apresentam. Retrato que confirmadamente aparece no frontispício de uma variante, com novo frontispício, também impresso em Coimbra, na mesma oficina de Antonio Simoens Ferreyra, datado do mesmo ano de 1756. Este retrato, assinado, ‘G. F. L. Debrie delineator et sulptor Reg. Port. f. 1753.’ apresenta a efígie do Papa Benedito XIV em uma moldura oval rodeada de querubins.
Francisco de Pina e de Melo nasceu em Montemor-o-Velho, dizia-se descendente de Rui de Pina e foi autor de numerosas obras de poesia e prosa. Diz Inocêncio que "cultivando com indefessa applicação todos os ramos de sciencias, artes e litteratura, póde ser de justiça considerado como um dos homens mais notavelmente eruditos entre os portuguezes da sua edade"; "Nos ultimos annos de sua vida tornou-se suspeito ao marquez de Pombal, o que deu causa a ser por algum tempo preso na cadêa da Portagem em Coimbra, por inconfidencia".
Encadernação inteira de carneira, da época, com rótulo [rasgado], nervuras e ferros fundido a ouro na lombada. Com falta de um pequeno pedaço de pele na margem externa da pasta posterior.