UM ALMOÇO DE CONFIDÊNCIAS. À Guisa de "A Ceia dos Cardeais". [No fim: M.A.D. 15/3/1951]. In-4.º gr. de XXIV págs. inums. E.
Original manuscrito de uma paródia à famosa peça de Júlio Dantas, de autor por nós não identificado, embora no final datado e assinado M.A.D. 15/3/1951.
São três as personagens, todas mulheres, empregadas domésticas, designadas pelas iniciais X, Y e Z. A cena representa o gosto da burguesia da época, com "Paredes pintadas de claro — Mobiliário Olaio, em todos os sítios — Atmosfera húmida, que chega para criar lesmas — Ao fundo, armários altos (sempre muito bem arrumados). Quase a meio sôbre um móvel, uma pequena caixinha que tem duas grandes aplicações: falar e “ouvir muito melhor” (…). Numa das secretárias, onde almoçam as tres "pequenas", veem-se lindos panos com bordados de Viana – Serviço, não de Sèvres mas de "Baclite 1950" de côres variadas. Nada cerimonioso."
Neste ambiente, ao final do almoço, “sem olhares de censura”, embora não sem alguma hesitação, decorre uma conversa onde “podemos falar até do que não sabemos… Mas que anda no ar e nós entendemos” que revela a condição das personagens, mulheres inseridas na sociedade do seu tempo.
Bela encadernação inteira de pele vermelha, com duplos fios dourados nas pastas e, na do centro, um brasão de armas também dourado, encimando a legenda "Bien Faire… et Laisser Braire".