O VERDADEIRO IMPARCIAL DOS SUCCESSOS DA ILHA TERCEIRA DESDE 11 DE MAIO DE 1817, ATÉ 15 DE MAIO DE 1821. Lisboa: Na Impressão de J. B. Morando. Anno 1821. In-8.º de 48 págs.
—— SUPPLEMENTO À CARTA INTITULADA O ‘VERDADEIRO IMPARCIAL DOS SUCCESSOS DA ILHA TERCEIRA.’ DESDE 11 DE MAIO DE 1817 ATÉ 15 DE MAIO DE 1821. Lisboa: Na Typografia Maigrense. Anno de 1822. ‘Calçada de Santa Anna N.º 96.’ In-8.º de 51-I págs. Desenc.
Raríssima publicação, de grande interesse para a história daquele conturbado período político da história portuguesa particularmente vivido naquela ilha do arquipélago Açoreano, assim como para a história de Francisco de Borja Garção Stockler, Governador e Capitão general das ilhas dos Açores.
O primeiro opúsculo reproduz, a pedido de Timotheo José da Paz, uma carta assinada por ‘Fr. Francisco M. E. C.’: “Os urgentes motivos que me obrigaõ a residir presentemente fóra da Côrte, occasionão o incommodo que lhe vou dar, ha de me fazer o obsequio de me mandar inserir no Astro, ou em outro algum Pariodico, a copia inclusa: meio que melhor se me proporciona para indemnisar o credito áquelle a quem eu grandemente infamei, sem mais exame, ou analyse, do que o ser impellido pelo enthusiasmo de exigir dos homens, o serem perfeitos Constitucionais, cooperando sem hesitarem, para o bem de huma causa tão justa, e tão sagrada, tal era a Regeneração Politica da nossa moribunda Monarchia: o destincto conhecimento que tenho da probidade do Sugeito que me dirigio a Carta, noticias avulsas que tem chegado ao meu conhecimento, dados por pessoas fidedignas, e o digno conceito que sempre mereceo o Tenente General Francisco de Borja Garção Stockler, são tudo motivos imperiosos que obrigão a minha consciência devorada de remorsos, a desdizer-me publicamente daquillo que por tantas vezes proclamei, denegrindo com as minhas asserções a conducta de hum Cidadão tão digno (…)”. [Carta dirigida a Manoel António Ribeiro, datada de ‘Sobral 23 de Setembro de 1821’].
Do segundo opúsculo consta uma ‘Carta’ de Francisco M. E. C. dirigida a Thimóteo José da Paz, datada em Angra, 18 de Novembro de 1821, onde dá notícia da sua surpresa ao tomar conhecimento de um impresso que “hera hum resumo da Carta, que eu lhe escrevi em data de 30 de Agosto”. Segue o opúsculo com um longo texto dirigido a Fr. Francisco M. E. C. cujas primeiras palavras são as seguintes: “Examinando attentamente o Folheto que corre impresso nesta Cidade, que sua materia contem, huma Carta que V. R.ª escreveo ao seu amigo Thimoteo José da Paz, e que este mandou imprimir em abono da verdade, para assim fazer justiça á conducta que nesta Ilha teve o nosso Ex-Governador, e Capitão General, Francisco de Borja Garção Stockler, na crise de humas circunstancias tão melindrozas (…); tenho a notar a V. R.ª do quanto foi preguiçoso poupando-se ao trabalho de fazer huma exposição diffusa, e mais energica; (…) ah Senhor Padre, que occasião que perdeo, de illustrar o publico! Que frouxidão foi a sua! Seria por ventura ignorancia! de certo que não (…)”
Ernesto do Canto, na ‘Bibliotheca Açoriana’ regista a publicação: “Timotheo José da Paz figura como mandando imprimir a Carta de um tal Fr. Francisco M. E. C., que os adversários — na Advertência da ‘Voz da Verdade n.º 2 — dizem ser do frade Francisco da Rocha. O fim desta publicação era defender o General Stockler.”