ESCOBAR (Fr. António de) [1618-1681].— VIDA // DE // S. ANGELO // MARTYR CARMELITA. // ‘OFFERECIDA’ // Ao M. R. P. Fr. AYRES DA SYLVA, // Presentado em a sagrada Theologia, Prouincial // da Ordem de N. Senhora do Carmo. // POR // ‘O. P. Fr.’ ANTONIO DE ESCOBAR, ‘Religioso // da mesma Ordem, & Chronista della.’ // LISBOA. // Na Officina de IOAM DA COSTA. // M. DC. LXXI. In-8.º gr. de XX-164-II págs. E.
Obra invulgar e bastante curiosa, não só com interesse para a história do Santo Mártir Carmelita, Angelo de Jerusalém, como para a bibliografia carmelita.
“O Serenissimo Senhor Principe Dom Theodosio me encomendou as vidas dos senhores Reys de Portugal no estylo do meu Heroe; & posto que logo se seguio aquelle golpe tam fatal para toda a Monarchia da sua morte, ainda assi achei, que depois de morto devia obedecerlhe. Muitos annos me preveni para esta empresa da lição que ella pedi[a], mas entrando o Castelhano em Evora, com a cella, & livraria perdi o suor de todo o estudo, com que fiquei impossibilitado para escrever no menor assumpto; mas vendo a vida do nosso Padre S. Angelo divulgada em todas as naçoens em proprios idiomas, a magoa de que Portugal naõ tenha estas noticias, me obrigou a escrevela. A que escreveo o nosso Patriarcha Enoch companheiro de S. Angelo, he o original de todas as copias; (…). Havendo metido este livrinho no santo Officio para se rever, & tendo impresso o meu Heroe Portuguez, apareceo o mesmo livro impresso em Çaragoça com o nome de Salanio Portugues. Na Apologia que lhe acrescentei declarava os indicios que tinha para entender que havia feito este furto o Padre Frey Francisco Sallas, Religioso de S. Francisco da Provincia das Ilhas; depois tive a claresa de que seu amigo o Padre Frey Antonio de S. Maria, que correo com a venda dos mesmos livros se empenhou em que eu me persuadisse a que o dito Religioso me havia feito grande cortesia em imprimir o livro, que eu não queria imprimir. (…) Nem queixoso estou, nem agradecido, só protesto que com toda a claresa consta que o Padre Frey Francisco Sallas fez imprimir em Castela o livro que eu havia escrito vinte annos antes, cada hum julgue desta acção como o entêder, (…)”.
Diz Barbosa Machado que Fr. António de Escobar “Naceo na Cidade de Coimbra a 4. de Janeiro de 1618 (…). No Collegio da sua patria recebeo o Habito Carmelitano a 24. de Abril de 1637. e professando no anno seguinte se applicou a estudar as sciencias com que havia illustrar a Religiaõ, de que era filho, principalmente na Oratoria Ecclesiastica, em que foy insigne. O talento que tinha para o Pulpito foy igual ao que exercitou no governo de varios lugares na sua Ordem como foraõ Prior do Convento da Vidigueira, e de Evora, de Confessor das Religiosas do Convento de Beja, e de Custodio, e Definidor da Provincia. Sendo Chronista desta Provincia, e tendo composto a mayor parte da sua Historia se perdeo infelizmente na irrupçaõ que fizeraõ os Castelhanos no Convento de Evora onde assistia, no anno de 1663. Foy muito versado na liçaõ das letras humanas, e na Poesia, de cuja arte foy sufficiente professor. Alguns annos antes, que morresse, perdeo a vista, cujo infortunio tolerou constantemente como Tobias até que no Convento de Lisboa trocou a vida caduca pela eterna no anno de 1681 (…)”.
As págs. 161 a 164 [’COPIA DE CARTA A SV SANTIDAD // por la Reyna nuestra señora, e escrita en Madrid a 11. de Febrero de 1655. en que le pide se ponga en el reso vniversal el de N. P. S. Angelo.’] e o respectivo índice foram erradamente encadernadas no início do volume, junto às Licenças. Com um pequeno e insignificante corte de traça nas três últimas folhas.
Encadernação contemporânea em pergaminho, com vestígios de dois atilhos e o título manuscrito na lombada. Com um pequeno defeito na lombada, a encadernação encontra-se no seu estado original, sem qualquer restauro.