O culto de Manuel Ferreira pelos livros começou em adolescente, apesar da dificuldade que tinha em adquiri-los. Manuel Ferreira comprava os livros para ler e depois vendia-os à porta da loja de mobiliário do pai, por volta dos seus 13 anos, realizando dinheiro para poder alimentar a sua paixão. Mais tarde, Manuel Ferreira foi convidado para elaborar numa importante empresa leiloeira, a Soares & Mendonça, Lda, pelo saudoso Sr. Albertino, com vista a organizar bibliotecas destinadas a leilões, assim como para elaborar os respectivos catálogos. tippmix mai eredmények “Começou assim a sua actividade como bibliófilo e como organizador de bibliotecas. Entretanto abriu uma livraria na Rua Formosa, que é esta que ainda hoje existe, agora na rua Dr. Alves da Veiga, 89. Quando o meu pai abriu a livraria e pôs os primeiros livros nas estantes, era eu uma criança. A livraria faz parte de mim. Nasci num berço de ouro, porque desde pequenino que tenho o privilégio de lidar com os livros”, afirma Herculano Ferreira.
Quando Herculano Ferreira decidiu ser alfarrabista, por iniciativa própria, teve a informática como uma grande aliada na organização dos alfarrábios: “O meu pai organizou sempre os livros e eu continuo-o a fazer, mas hoje temos toda a empresa informatizada, o que é um trabalho que nos permite assegurar uma melhor colaboração com os clientes. Temos 70 mil fichas bibliográficas tratadas informaticamente e, seguramente, cerca de 120 mil em papel”. Questionado sobre o número de livros que a Livraria Manuel Ferreira Alfarrabista possui, Herculano Ferreira confessa: “Em vez de os contar, gosto mais de os folhear e de trabalhar com eles. Tenho muitos livros de que gosto e às vezes até me interessa ter algum deles, no entanto eu sei que não posso ficar com todos. Sou comerciante e muitas das vezes tenho de os vender. Sou tanto melhor alfarrabista, quanto conseguir pôr os melhores livros nas bibliotecas dos meus clientes”, acrescenta. Contrariando a opinião pública, Herculano Ferreira indica que a definição de alfarrabista “não é a de um homem ancião, elitista, fechado e que só trabalha com coisas raras, é sim a de um homem que negoceia alfarrábios, ou seja, livros antigos, e que está disposto a procurá-los para enriquecimento das bibliotecas dos seus clientes. Sou alfarrabista quando sou capaz de colocar na mão do meu cliente aquilo que ele pretende.Tenho obrigação de conhecer a bibliografia e saber um pouco de História, Literatura, Arte, entre outras áreas”. szlovák fogadóiroda Herculano Ferreira garante: “Quando se fala de raridades, não quer dizer que todas elas sejam caras. Há livros económicos mais raros do que muitos dispendiosos, só porque não têm a mesma procura.”
Herculano Ferreira refere que “é muito importante que o património tenha um valor comercial. É aí que os alfarrabistas entram, com um papel importantíssimo na sua defesa, tal como os museus. sportfogadás bónusz befizetés nélkül Muitos livros se perderam quando não se lhes deu o valor. Se não houver alfarrabistas, não se garante a cotação do valor económico dos livros”.
A publicação dos catálogos e a realização de leilões são actividades históricas desenvolvidas pela Livraria Alfarrabista Ferreira. “Organizamos leilões de bibliotecas privadas, muitas delas constituídas ao longo de uma vida e que um dia o proprietário decide perpetuar com a publicação de um catálogo. Fazemos também catálogos de livros seleccionados, entre quatro a cinco vezes por ano, que depois apresentamos, de forma personalizada, aos nossos clientes”, refere Herculano Ferreira. O próximo leilão incluirá mais de três mil obras, de entre elas muitas revistas raras e vasta literatura dos anos 40 a 60, assim como peças bastante invulgares, provenientes da biblioteca do Dr. Alfredo Ribeiro dos Santos. “É bom pensar que uma pessoa que, tendo chegado a esta fase da vida, preza o facto de deixar em boas mãos o seu legado”, afirma o alfarrabista. Em relação ao futuro, Herculano Ferreira deseja poder continuar a desempenhar esta profissão da melhor forma que souber, a par com o seu pai, com muito prazer e esperando sentir-se recompensado pelo trabalho feito em prol do património bibliográfico.