VASCONCELOS (António de) [1554-1622].— ANACEPHALÆOSES // id est, // SVMMA CAPITA // ACTORVM REGVM // LVSITANIÆ. // Auctore P. ANTONIO VASCONCELOS Societatis // IESV Sacerdote, Theologo Olysipponensi. // ‘Accesserunt Epigrammata in singulos Reges ab insigni // Poeta’ EMMANVELE PIMENTA // ‘eiusdem Societatis.’ // et illorum affigies ad viuum expressæ, curâ Maiestatis Aulici // Familiaris, Equitis militiæ Saluatoris nostri IESV // CHRISTI; & Domini de Voorde. // [pequena vinheta ornamental] // ANTVRPIÆ // Apud Petrum & Ioannem Belleros. // ANNO M.DC.XXI. // ‘Cum Gratia & Priuilegio.’ In-4.º de XVI-597-[I] (com erros de paginação)-XXIII-[I] págs. E.
Primeira e muito estimada edição, proficientemente descrita por José dos Santos no «Catálogo da Livraria de Azevedo-Samodães». Ernesto dos Santos faz pormenorizada descrição iconográfica da Obra na «História da Gravura Artística em Portugal».
António de Vasconcelos, “[…] Estudando em Évora, entrou aí mesmo no noviciado da Companhia [de Jesus] a 13 de Setembro de 1570. Depois de concluir o 3.º ano de filosofia, no verão de 1575, foi para Coimbra. No Colégio das Artes fez o 4.º ano […], ensinou a língua latina e estudou teologia. […]
“Esteve na corte de Madrid (1588-1591) tratando assuntos da Província Portuguesa; foi pregador em S. Roque; prefeito dos estudos em Évora. No verão de 1593 andou embarcado, a pedido de Fernão Teles de Meneses, general da armada que nesse ano foi dar caça aos corsários e esperar as naus da Índia.
“Governou o Colégio do Porto (1595-1598), a residência de Faro (1600-1603), a Universidade de Évora (1605-1608). Em 1605 fundou e dirigiu o Colégio de Portalegre, que tornou a governar no ano de 1612. Daí em diante residiu em Évora, não lhe permitindo a doença da gota outras actividades que não fossem as de escritor. […]
“compôs as ‘Anacefaleoses’ das acções dos reis de Portugal com as efígies «mui primorosas» dos mesmos. Por meio desta obra, vinda à luz em Antuérpia no ano de 1621, «a todas as nações se fizeram notórias as cousas dignas de memória da nossa nação» — diz Franco. E justamente. Sobretudo porque a segunda parte do volume (p. 383-562) contém a ‘Descrição de Portugal’ (Descriptio Regni Lusitani), que bem pode considerar-se um dos primeiros ‘guias turísticos do país’. [’in’ «Os Professores de Filosofia da Universidade de Évora», de João Pereira Gomes].
Cuidada edição, adornada na folha de anterrosto por um brasão de armas reais portuguesas timbradas por um grifo, encimado pela figura de Jesus Cristo sobre nuvens, segurando uma cruz. A págs. XII, precede uma poesia em latim [AD LVSITANIAM], uma gravura alegórica, também aberta a buril, encimada pela palavra LVSITANIA. No base com os seguintes dizeres: ‘Arma mihi imperium terrae, maris anchora, veram Crux dedit vt noscant Regna subacta Fidem’.
Intercalados e impressos nos cadernos, avultam XXIV retratos de página inteira representando os reis de Portugal desde D. Afonso Henriques a Filipe IV e ainda, por ordem cronológica, os do Conde D. Henrique, da Rainha Santa Isabel, do Infante D. Fernando, e da infanta D. Joana, filha de D. Afonso V.
“As 597 pags. númeradas inserem: de pag. 1 a 381 as biografias de todos os monarcas portugueses até Felipe IV, e a ‘Epigrammata de Manuel Sueiro; de pag. 383 a 562: «DESCRIPTIO || ‘REGNI LVSITANI, CVM’ || ‘compendio rerum illustrium, quæ in eo visun- || tur. tàm ad humanum cultum spectantium, || quàm ad divinum. Ab eodem Antonio Va- || sconcellio Societatis IESV Theologo’; de página 563 a 588: «PHILIPPI II. LVSITANICA || EXPEDITIO.» e de pagina 589 a 597: «ORATIO || HABITA PHILIPPO III. || HISPANIARVM REGI: || LVSITANIÆ II. IN ACADEMIA || EBORENSI.’ADoctore P. Alphonso Mendez, Societatis Iesu, sacrarum || literarum Interprete.’»; […]”.
“As XXIII pags. inumeradas finais contêm, disposto a duas columas, o «INDEX RERUM || MEMORABILIVM, || QVÆ IN HISREGVM || PHALÆOSIBVS, ET REGNI LV- || SITANICI DESCRIPTIONE || CONTINENTVR.», a que põe remate um florão ornamental (gravura em madeira).
“Na composição tipográfica, em que sobresaem letras iniciais de desenho de fantasia e florões de remate ornamentais (gravura em madeira], empregaram-se caracteres redondos e itálicos de vários corpos. […]”. [’in’ «Catálogo da Livraria de Azevedo-Samodães»]
Neste exemplar, entre as páginas 86 e 87, aparece uma folha colada que completa o caderno L, com duas páginas inums. [APPENDIX // AD ANACEPHALÆOSES // VII. REGIS DIONYSII], folha que não vimos referida no catálogo de Azevedo-Samodães [n.º 3437] nem em Inocêncio [Tomo I, págs. 283].
Encadernação da época em carneira, com restauros, gravada a seco nas pastas e a ouro na lombada.
Com uma nota antiga manuscrita no canto inferior esquerdo da págs. 272.
Exemplar com alguns pequenos e recentes restauros marginais nas primeiras quatro folhas; entre as págs. 283 a 318 com vestígios de traça que só ao de leve ofendem a mancha tipográfica e com um rasgão no canto inferior direito da págs. 339/340, também restaurado. Com uma assinatura antiga no frontispício, rasurada.