FERREIRA (Manuel) [Alfarrabista].— BIBLIOTECA DO DR. LAUREANO DE BARROS. Organizada para leilão pela Livraria Manuel Ferreira. Porto Maio de 2009 [a Maio de 2010]. 6 vols. In-8.º B.
Catálogo da excepcional Biblioteca de Laureano de Barros, “uma das grandes bibliotecas particulares portuguesas do nosso tempo e, com as suas características, a mais importante da quase centena de catálogos para leilão já por nós elaborados.” Palavras retiradas do texto de apresentação redigido por Manuel Ferreira, organizador deste catálogo, alfarrabista e fundador da nossa livraria. Não sem emoção, dá assim início à ‘Apresentação’: “Palavras singelas e breves para falar da feliz coincidência que aqui enlaça dois acontecimentos marcantes na vida desta livraria: os 50 anos da sua existência, este ano chegados, e a realização do leilão da biblioteca do Dr. Laureano Barros (…).
“São mais de 6000 espécies escolhidas, de que assomam, em mão particular, a magnífica colecção das primeiras edições dos mais importantes Cancioneiros portugueses antigos e de estudos portugueses e estrangeiros que lhe respeitam; a raríssima primeira edição e as nove subsequentes da «Peregrinação» de Fernão Mendes Pinto; a original de «O Lima», de Bernardes; a «Crónica de Cister», de Bernardo de Brito; a primeira dos «Apólogos Dialogais», a segunda da «Carta de Guia de Casados», ambas de D. Francisco Manuel de Melo; a segunda das «Obras» de Sá de Miranda; a primeira edição dos «Sermões» do Padre António Vieira, a das obras de Verney e as dos autores que se vincularam à polémica que o seu «Verdadeiro Método de Estudar» ruidosamente trouxe a lume; a primeira edição do belo livro de Lima Bezerra «Os Estrangeiros no Lima»; a verdadeira jóia bibliográfica que é a extremamente rara primeira edição dos «Sonetos» de Antero de Quental; a edição original do «Só» e das melhores que lhe sucederam; a primeira do raríssimo «Livro de Cesário Verde»; as edições primitivas das obras de Eça de Queiroz e de muitos dos seus contemporâneos; chegados ao século XX, referência obrigatória para os autores fundamentais que profundamente o assinalaram: Teixeira de Pascoaes, Camilo Pessanha, Florbela Espanca, António Botto, Fernando Pessoa, Mário de Sá Carneiro, José Régio, Miguel Torga, Agustina Bessa Luís, todos presentes com quase todas as suas obras; as edições originais e manuscritos do poeta Eugénio de Andrade (com o raríssimo «Narciso»), etc., sendo de referir que muitos dos livros dos poetas e prosadores citados ostentam dedicatória autógrafa dos seus autores. Das revistas modernistas diremos que, praticamente, todas constam do catálogo: «Orpheu», «Centauro», «Exílio», «Presença», «Manifesto», «Sinal», «He Real!», «Contemporânea», «K 4 o quadrado azul», e tantas outras; também o surrealismo literário português mereceu o interesse de Laureano Barros, com todos os seus autores na sua biblioteca amplamente representados, sendo obrigatória a referência aos livros e manuscritos de Luiz Pacheco que o Dr. Laureano Barros também coleccionou, e, no que se refere aos manuscritos, sem dúvida, salvou. (…)
“É, em suma, o catálogo da muito rica biblioteca que, pela qualidade e raridade dos livros e revistas que a constituem, para sempre lembrará o nome do Dr. Laureano Barros, biblioteca que apaixonadamente preencheu e, em boa parte, deu sentido à sua vida e que agora vai cumprir o feliz destino de avolumar outros rios e levar calor a outros corações.”
Com a reprodução, em plena página, de alguns frontispícios dos mais relevantes exemplares descritos.
Conjunto acondicionado numa caixa revestida a tecido acetinado azul (setalux),gravado a prata com os respectivos dizeres e ex-libris.