[DIDEROT (Denis)].— LES BIJOUX // INDISCRETS. // (…) // [Distintas gravuras alegóricas nos dois volumes]. // Au Monomotapa. [S.l.n.d. – Paris, 1748]. 2 vols. In-8.º gr. de VIII-288; IV-332-II págs. E.
Raríssima edição desta polémica obra de Diderot, dada à imprensa clandestinamente sem o nome do autor, sem data e com fantasioso local de impressão [Monomotapa].
Avenir Tchemerzine, regista três edições dadas à imprensa no ano de 1748, sendo uma de contrafação.
A edição que apresentamos, ilustrada com cinco primorosas estampas abertas em chapa de metal — a primeira intitulada ‘Frontispíce des Bijoux’ e as restantes, ‘Les Bijoux’ — exibe distintas gravuras alegóricas nos respectivos frontispícios, características que também o distingue do exemplar conservado na ‘Bibliothèque Nationale de France, département Réserve des livres rares, RES-Y2-2908’. Para além do número de gravuras que constituem estas edições, 7 no caso do exemplar da B.N.F., evidencia a comparação, que na edição que apresentamos, as estampas revelam maior nitidez e pormenor de gravação, o que nos leva a supôr tratar-se da edição original. Acresce à comparação destas duas edições o facto de todas as gravuras se apresentarem invertidas. A última folha do segundo volume intitulada «AVIS au Relieur pour placer les Figures», refere apenas a colocação de três gravuras, duas para o primeiro volume e uma para o segundo.
Romance libertino de evidente caracter alegórico, onde Louis XV, retratado sob a figura do Sultão Mangogul Congo, recebe um anel mágico com o poder de falar com os genitais (bijoux) femininos — alusão clara às amantes oficiais do rei, Madame de Châteauroux, de Pompadour e du Barry, com quem gastou avultadas quantias de dinheiro.
Encadernações da época, contemporâneas, sem qualquer vestígio de restauro, gravadas a ouro; nas lombadas com bonitos ferros e os respectivos dizeres, nas pastas com uma cercadura gravada com ‘ferros de roda’.
Com o ex-libris ou carimbo de posse de Vieira Pinto, figura excêntrica da cidade do Porto, médico e professor do Instituto Industrial, distinto coleccionador de livros e de outras antiguidades, retratado no «Tripeiro», V série, ano XV, p. 45/46.