ROUSSADO (Manuel).— BOM-SENSO E BOM-GOSTO. Resposta á carta que o Sr. Anthero do Quental dirigiu ao Ex.mo Sr. Antonio Feliciano de Castilho por… Segunda edição augmentada e seguida de uma carta sobre o mesmo assumpto. Lisboa. Livraria de A. M. Pereira. 1866. In-8.º gr. de 17-III págs. B.
Primeira intervenção satírica pertencente à polémica da ‘Questão Coimbrã’, em que o autor procurou ridicularizar a poesia de Antero de Quental.
“ (…) Ainda não tinha lido as ‘Odes Modernas’, quando me chegou às mãos a carta que v. s.ª escreveu ao Sr. António Feliciano de Castilho, a esse caturra intoleravel que teima na guerra desleal contra os innovadores que vêm do norte, annunciando a nova aurora da independência litterária, em que serão quebrados os ferros que algemam a ‘Idéa’, e os seus apóstolos rasgarão os horizontes luminosos sem o auxílio inútil da instrucção secundária.
“Não tinha lido as ‘Odes’ que v. s.ª atirou aos ventos da publicidade, e fui logo comprá-las, porque a alludida carta tinha chocado a minha alma que para logo concebeu o feto preciosíssimo do ‘Ideal’. Fui compral-as, e o meu próprio livreiro que m’as vendeu, tocado sem dúvida pela sublimidade da poesia, e pelo levantamento do espírito que se admira no parto de v. s.ª, envergonhou-se ao dizer-me o preço do livro; voltou o rosto, tapou os olhos ao estender a mão tremente ao baixo e vilissimo cruzado. (…). Vão lá tapar a bocca aos maldizentes de Lisboa, os quaes andam por ahi a gritar que deu o mal das vinhas na litteratura coimbrã, que é preciso serem enxofrados os vates idealistas e innovadores das margens do Mondego, e que ás authoridades de Lisboa cumpre estabelecer o cordão sanitário que nos preserve da invasão da epidemia! (…) A linguagem transcendental que abre os horisontes immensos do futuro é extranha cá nos arruamentos de Lisboa, e por isso, quando o povo ignaro a escuta na bocca de um ou outro, excla: ‘coitadinho, tem aduela de menos. (…)”.
Segue-se a ‘Carta ao Editor’ referida no frontispício, datada no Rio de Janeiro, a 24 de Janeiro de 1866, assinada M……..
Pelo acréscimo desta carta, esta segunda edição faz-se indispensável nas colecções referentes á polémica conhecida por «Bom Senso e Bom-Gosto» ou «Questão Coimbrã».