MACEDO (Padre José Agostinho de).— OS BURROS, // OU // O REINADO DA SANDICE; // POEMA HEROI-COMICO-SATYRICO // EM SEIS CANTOS; // […] // ‘Paris’, // NA OFFICINA TYPOGRAPHICA DE CASIMIR, // Rue de la Vieille-Mounaie, nº 12. // — // M DCCC XXXV. In-8.º peq. de III folhas preliminares, seguidas de 201 a 379 págs. e I final de «Erratas». E.
Segunda edição de um dos mais célebres poemas herói-cómicos portugueses, pela primeira vez dado à imprensa também em Paris em 1827, sem o nome do autor.
A propósito desta edição diz Inocêncio no ‘Dicionário Bibliográfico’ ter sido “destinada a principio para fazer parte do tomo VI da collecção intitulada ‘Parnaso Lusitano’, de que foi depois com justa razão expungida, e substituidas em seu logar as ‘Satyras’ de Nicolau Tolentino)”. Circunstância que de alguma forma justifica a paginação apresentada que decorre de páginas 202 a 379.
Nos «Poemas Herói-Cómicos Portugueses», Alberto Pimentel diz: “A primeira [edição] fez-se em París, 1827, ainda durante a vida do autor, e saíu profundamente alterada [relativamente aos manuscritos que então circulavam]; o mesmo aconteceu à edição de 1835 também feita em París, bem como aquela que principiou a estampar-se em Lisboa no ano de 1837, a qual aliás não passou do 2.º canto.
“Assim, pois, dizia Inocêncio […] que êste poema podia considerar-se inédito, e que existiam muitas cópias dêle, mas todas discordes entre si.
“O livreiro portuense António Rodrigues da Cruz Coutinho possuía uma dessas cópias, e foi sôbre ela que se fez aquela edição de 1902. No ‘Aviso do editor’ pede-se aos possuidores de outras cópias a favor de darem conhecimento de quaisquer variantes ou correcções. […].
“Todas as elaborações por que o poema tem passado resultaram, a meu vêr, não de êrros acidentais dos copistas, mas das ensanchas que êle deu, e dá, a introduzirem-se-lhe, por espírito de vingança ou malevolência, novas passagens e alusões pessoais.
“Os ‘Burros’ são um poema que pode alterar-se ou continuar-se em qualquer época, metendo-se dentro dêle toda a gente a quem qualquer fazedor de verso solto, dispondo de ánimo bilioso, queira denegrir ou injuriar.
“Isso mesmo fez o Padre José Agostinho que, depois de ter escrito o poema, o foi aumentando entre os anos de 1812 a 1814, para que lhe não escapassem mortos ou vivos, mulheres e homens, frades e freiras, políticos, padres, médicos, escritores, os amigos dos seus inimigos, e os inimigos dos seus amigos – mas dêle próprio. […]”.
Boa encadernação inteira de pele, não contemporânea, gravada a ouro, com rótulos e nervuras na lombada.
Com as capas da brochura originais, em papel azul, não impressas. Carminado só à cabeça e com as restantes margens intactas.