RESENDE (Garcia de).— CANCIONEIRO GERAL. Texto estabelecido, prefaciado e anotado por Álvaro J. da Costa Pimpão e Aida Fernanda Dias. Centro de Estudos Românicos (Instituto de Alta Cultura). Coimbra – 1973. 2 vols. In-fólio de VIII-IV-435-VII e 429-VII págs. B.
Diz Álvaro da Costa Pimpão que “O ‘Cancioneiro Geral’ é um monumento literário curiosíssimo. No meio de muito poetastro, de muito versejador de obrigação, aparecem alguns poetas; no meio de muita futilidade, aparece alguma poesia autêntica e culta. O que sobretudo impressiona é o contraste dramático entre o aspecto lúdico da vida cortesanesca, que o ‘Cancioneiro’ traz à luz, e as tenebrosas realidades a que ele é alheio — ou quase. Ouve-se falar de D. Diogo, duque de Viseu, mas mal se imagina que ele foi apunhalado pelo próprio rei D. João II, em Setúbal (…): lêm-se os versos de um D. Vasco Coutinho e de um Goterre Coutinho, mas não se adivinha o drama do primeiro, denunciante do segundo, seu irmão, com ele, do grupo de conspiradores. E D. Pedro de Ataíde, filho de D. Álvaro de Ataíde, deixando o saboroso convívio poético, em que o vemos no 1.º volume, para daí a pouco ser «degolado e feito em quartos»! E Fernão da Silveira, o ‘Moço’, também apanhado na trama secreta, buscando na fuga a salvação e, apesar disso, morto em Avinhão (…) por mandado do Rei! As tintas do ‘Cancioneiro’ não são de tragédia, mesmo quando os versejadores se dão conta de que a tragédia existe… Mas nem por este motivo o ‘Cancioneiro’ deixa de ser um monumento poético da maior valia e um documento notável da vida social portuguesa da segunda metade do século XV e das duas primeiras décadas do século seguinte. E não falamos do seu interesse linguístico, quase inapreciado — e injustamente — até hoje…”
Trata-se da mais criteriosa edição do Cancioneiro de Garcia de Resende até hoje aparecida entre nós.
Capas da brochura com alguma acidez e sujidade.