COSTA (Vicente José Ferreira Cardoso da) [1765-1834].— CARTA // AO // REDACTOR // DO // ASTRO DA LUSITANIA // SOBRE OS REGULARES. // [brasão de armas] // COIMBRA, // NA REAL IMPRENSA DA UNIVERSIDADE. // 1821. // [travessão de enfeite] // ‘Com Licença da Commissao de Censura.’ In-4.º de 27-[I] págs. Desenc.
Carta em defesa do clero secular, assinada por ‘Um Parocho Pobre’, cuja verdadeira identidade é atribuída no «Catálogo da Collecção de Miscelâneas» da Universidade de Coimbra a Vicente José Ferreira Cardoso da Costa.
Em resposta a este opúsculo, foram publicadas as «Reflexoens para servirem de continuação á Carta do Parocho Pobre por um Religioso Patriota» [Imprensa na Universidade de Coimbra. 1821] de onde transcrevemos: “Publicou-se na Imprensa desta Universidade um folheto, que trata de defender e elogiar os Frades com uma inducção para estes serem os Professores das primeiras aulas da instrucção publica. O seu titulo he: ‘carta remettida ao Astro Lusitano’. As melhores obras precisão muitas vezes de reflexões; e eu as julgo necessarias á dita Carta, para o Publico melhor poder ajuizar sobre a materia: visto que um povo livre deve conhecer os negocios, que lhe dizem respeito. Sejão ellas do agrado dos homens liberaes e imparciaes, aos quaes as dedico, como meus companheiros, que são na causa da liberdade da Patria. (…)”.
Inocêncio dedicou extensa e importante notícia bio-bibliográfica ao autor, tendo ficado omisso este raríssimo opúsculo entre as 47 obras compulsadas.
A propósito do autor, natural da Baía, no Brasil, diz Palmira M. Rocha de Almeida no «Dicionário de Autores no Brasil Colonial»: “Após ter completado os estudos primários, veio para Lisboa prosseguir a educação na congregação do Oratório e, em 1779, matriculou-se na Universidade de Coimbra, onde obteve o grau de doutor em Leis, no ano de 1785. Iniciou a vida profissional como professor na Faculdade de Direito, durante dois anos letivos, mas decidiu optar pela carreira da magistratura, tendo sido nomeado desembargador da Relação do Porto, em 1799. Envolvido no processo conhecido pela designação de ‘Setembrizada’, que levou à prisão e ao exílio cerca de cinco dezenas de pessoas com alguma notoriedade na vida portuguesa, defensoras da ideologia jacobina e acusadas de colaboracionismo durante a ocupação francesa, foi encarcerado e posteriormente deportado para a ilha Terceira. Mais tarde, apenas conseguiu autorização para ser transferido para a ilha de S. Miguel, na qual possuía alguns bens (…). Era um distinto jurisconsulto e tinha uma apreciável cultura geral. Foi sócio da Academia Real das Ciências de Lisboa. (…)”.