CASTRO (Martinho de Melo e).— CARTA DIRIGIDA AO CONDE DE OEIRAS [Sebastião José de Carvalho e Melo, 1.º Marquês de Pombal] datada em Salvaterra de Magos a 15 de Fevereiro de 1770. 1 folha manuscrita em 3 das suas 4 páginas. [dim. aprox. 22×34 cm.].
Interessantíssima carta de Martinho de Mello e Castro, notável estadista e grande diplomata. Conforme se pode ler na Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, Martinho de Mello “(…) favorecido pela amizade pessoal de D. José I, entrou na carreira diplomática, indo, em 1751, representar Portugal na qualidade de enviado junto dos Estados Gerais das Províncias Unidas, sendo pouco depois, em 1754, enviado à corte de Londres, onde recebeu as maiores deferências de Jorge II. (…). Em 1763 foi enviado a Paris para tomar parte na Conferência em que se negociou a paz entre Portugal, França, Inglaterra e Espanha. (…) Quis, ao que parece, D. José premiar o seu diplomata com o ingresso no governo, mas Pombal tê-lo-ia impedido de o fazer, alegando a falta que Martinho de Melo e Castro fazia, de momento, em Londres. E para ali voltou o diplomata, conservando-se no cargo até 1770, ano em que regressou ao reino e passou a fazer parte do ministério na direcção dos negócios do Ultramar, pasta que vagara pela morte de Francisco Xavier de Mendonça, irmão do primeiro ministro. O novo ministro era tido no paço em altíssimo conceito, o mesmo sucedendo quanto à opinião pública, que era unânime em o considerar como o único sucessor possível e provável do marquês de Pombal se o rei falecesse ou o primeiro ministro se demitisse. Melo e Castro, desde que tomara posse do seu cargo não ocultava a sua animadversão ao chefe do governo e as suas críticas à política geral seguida por ele eram impiedosas e não perdia ocasião de minar-lhe o prestígio e a influência. (…) Quando, por morte de D. José I, se desencadearam violentamente todos os ódios, até aí contidos, contra Pombal, logo Martinho de Melo e Castro aproveitou a ocasião para se vingar, sugerindo a ideia, logo aceita, de que se instaurasse processo contra o poderoso valido do falecido soberano. Foi da sua boca que Pombal teve a notícia de que estava demitido dos seus cargos. D. Maria I conservou-o como ministro e foi então que pôde empreender reformas muito notáveis (…).”
Carta datada em Salvaterra de Magos no dia 15 de Fevereiro de 1770, (ano em que Martinho de Melo regressou de Londres), informando o Conde de Oeiras que “Hontem despois das cinco horas da tarde chegou a esta Corte, e a esta Caza, Francisco Telles da Silva, e perguntandome se devia beijar a Mão a Suas Magestades, e a toda a Famillia Real; lhe disse, que não tinha duvida; porque se seu Pay, achandose em Portugal o fazia por obrigação, e lhe o devia fazer, porque o reprezentava: Nesta certeza fomos esperar Suas Magestades vindo da Cassa; e na passagem lhes beijou a Máo, e ao Serenissimo Senhor Infante Dom Pedro: Esperámos despois os Mesmos Senhores e a Real Famillia na passagem para a Opera (…). O Principe Nosso Senhor, que Seu pae trazia pela Máo, quando chegou á Caza onde nos achavamos, perguntou em Voz alta; onde está o Duque Silva e dizendolhe eu, aqui está para beijar a Mão a V. Alteza , se deteve emquanto se fazia esta ceremónia, olhando para Francisco Telles com tal agrado, e Magestade, que vi nelle a viva Imagem de Seu Augusto Avo.
“Fomos depois á Opera, e acabada ella voltamos a esperar Suas Mag.es. (…).