[CARACCIOLI (Louis Antoine)].- CARTAS A HUMA ILLUSTRE DEFUNTA, FALLECIDA EM POLONIA DE POUCO TEMPO; OBRA DE SENTIMENTO. Onde se achaõ Anecdotas igualmente curiosas, e interessantes. ‘Traducçaõ do Francez. Lisboa. Na Typografia Rollandiana. 1809. ‘Com Licença da Meza do Desembargo do Paço’. In-8.º peq. de 405-I págs. E.
Interessante e muito curiosa tradução, publicada sem que o nome do autor, do tradutor, ou da ‘ilustre defunta’ fosse revelado.
No ‘Dictionnaire des Ouvrages Anonymes’ Barbier identifica e regista a edição francesa [Lettre à une illustre morte, décédée en Pologne depuis peu de temps. Paris, Bailly, 1770] revelando o nome de Louis Antoine Caraccioli como autor desta obra.
Diz Caraccioli numa das cartas: “Eu fallo de ‘Varsovia’, esta Cidade chea de magnificencia, e de esplendor, mas que naõ me parecia brilhante, senaõ porque eu via nella reluzir as vossas virtudes. Alli he que, depois de eu recommendar que me mostrassem o vosso retrato, onde vos tinhaõ pintado com huma de minhas obras na maõ, alli he que vós quizestes conhecer o Autor. Eu vos ouvi, e vos admirei como huma Filosofa da materia, e dos sentidos, como huma pessoa absolutamente estranha a tudo o que se chama vaidade.”
Das cartas da ‘ilustre defunta’ transcrevemos: “Tende cautela que esta Carta naõ transpire, eu teria contra mim todas as amigas da moda e do jogo, e naõ deixarião de me por na classe das mulheres dadas a novellas. Eis-aqui como o nosso pobre sexo he o ludibrio do mundo e das quinquilharia. Excita a compaixaõ quem se occupa seriamente.”.
“Leio Lock, li Mallebranche, e se me atrevesse a confessallo vos diria que estou quasi indecisa por hum e outro destes dois grandes Filosofos.”
“Vós me prometteste vir hoje, e desde hontem á noite me alento deste doce prazer. Sou Filosofa quanto vós quizerdes: mas lembrai-vos que sou mulher quando espero.”
Hoefer, na ‘Nouvelle Biographie Universelle’ diz sobre Caraccioli: “littérateur, né à Paris en 1721, mort dans la même ville le 29 mai 1803. Après avoir fait ses études ai mans, el entra en 1739 dans la congrégation de l’Oratoire.Quelques annés plus tard, il visita l’Italie. Le charme de sa conversation lui valut l’accueil le plus brillant de la part de Benoit XIV et de Clément XII. Il visita ensuite l’Allemagne et la Pologne, et revint à Paris, oú il se fit aimer et admirer de la bonne societé. L’ouvrage qu’il publia sous le titre de ‘Lettres intéressantes du pape Clément XIV (…), et qui fut longtemps une mystification non-seulement pour la France, mais pour l’Europe entière, respire une douce philosophie et enseigne une morale pure: des lettres, dont il fut l’auteur, sont écrites avec beaucoup de goût. La révolution française le priva de toutes ses ressources; cependant, en 1795, la convention lui accorda une pension de 2,000 francs. (…)”.
Encadernação da época, em carneira, com sinais de uso. Falta do anterrosto.