MELO (D. Francisco Manuel de).— CARTAS // FAMILIARES // DE // D. FRANCISCO // MANOEL, // ESCRITAS A VARIAS PESSOAS // sobre assumptos diversos; // ‘Recolhidas, e publicadas em cinco Centurias’ // POR ANTONIO LUIZ // DE AZEVEDO, // ‘Professor de Humanidades; // OFFERECIDAS’ // AO ILLUST. E REV. SENHOR // JOAÕ DE MELLO // PEREIRA DE SAMPAYO, // ‘Do Conselho de Sua magestade, Fidalgo de sua casa, Bene- // ficiado da Igreja de Santiago de Torres-Novas, e Pre- // lado da Santa Igreja Patriarcal de Lisboa, &c.’ // POR LUIZ DE MORAES E CASTRO: // e á sua custa impressas: mais correctas; e de novo illus- // tradas com seu Index proporcionado. // LISBOA: // Na Offic. dos Herd. de ANTONIO PEDROZO GALRAM. // ——— // Anno M. DCC. LII. // ‘Com todas as licenças necessarias. In-4.º peq. de XXIV-599-[I] págs. E.
Segunda edição, impressa quase um século depois do aparecimento da primeira, dada ao prelo em Roma no ano de 1664.
Para além do rosto e anterrosto, as páginas preliminares compreendem as folhas de dedicatória e de licenças, um curioso «CATALOGO DOS LIVROS EM PAPEL, Que se vendem em casa de Luiz de Moraes, mercador de livros, morador à Praça da palha.» e ainda dois textos do autor: o primeiro intitulado «Aos Discretos»; o segundo «Carta do Author aos Leitores de suas Cartas».
Da contracapa da edição das ‘Cartas Familiares’ publicada pela IN-CM [Biblioteca de Autores Portugueses], transcrevemos: “Editadas em Roma em 1664, já desde 1649 que D. Francisco Manuel de Melo, com a colaboração do seu amigo, o humanista António Luís de Azevedop — o primeiro que se ‘meteu a atentar’ no valor humano e literário dos textos epistolares do grande escritor seiscentista — se ocupava em organizar a vasta colectânea onde reuniu cinco centenas, seleccionadas entre os milhares que escreveu sobretudo durante o período em que se viu confinado às quatro paredes de uma prisão.
“Homem de acção, cortesão e citadino, a carta tornou-se para D. Francisco Manuel de Melo uma forma de participação, um elo de ligação com o mundo social donde a sua presença física fora banida, mas de que, pela viva inquietação do seu espírito e pela recusa em aceitar uma situação inexplicável de injustiça, não estava desligado.
“A carta da parabéns, de pêsames, de congratulação. de negócios particulares substituía a palavra que de viva vox estava impedido de transmitir. Lidas por ordem cronológica […] as cartas tornam-se uma espécie de diário que acompanha os deveres sociais, as preocupações, as reflexões, os interesses culturais do autor.
“Por elas nos vamos dando conta dos seus projectos, das realizações literárias, dos insucessos ou dos êxitos editoriais.
“Mas o que delas sobressai, acima de tudo, é a coragem, a força de ânimo com que sempre lutou «pela justiça de que ninguém é indigno».
Embora através da personalidade do seu autor se possa vislumbrar toda uma época e uma sociedade ‘sui generis’ — D. Francisco Manuel é um digno representante do homem culto e letrado da primeira metade do século XVII — as «CARTAS FAMILIARES» são acima de tudo o testemunho de uma dignidade conscientemente assumida que foi capaz de encontrar, ultrapassando, muitas vezes, os preciosismos da moda, a formulação directa e precisa que lhes confere uma verdade que este grito de alma documenta […]”.
Com alguma acidez, própria do papel utilizado para a edição.
Aparado, com um pequeno rasgão junto à lombada da última folha preliminar e os cantos da última folha do volume, também rasgados, sem ofensa da mancha tipográfica. Encadernação antiga com lombada de pele, no topo com falta de um pedaço.