CUNHA (D. Rodrigo da).— CATALOGO // DOS // BISPOS DO PORTO, // COMPOSTO PELO ILLUSTRISSIMO // D. RODRIGO DA CUNHA: // NESTA SEGUNDA IMPRESSAM ADDICIONADO; // E COM SUPPLEMENTOS DE VARIAS MEMORIAS ECCLESIASTICAS // desta Diocesi, no discurso de onze seculos illustrado, // ‘POR’ // ANTONIO CERQUEIRA PINTO, // ‘Cidadaõ da Cidade do Porto, Academico Supranumerario da Academia Real da Historia Portuguesa.’ // ‘DEDICADO’ //
AO EXCELLENTISSIMO, E REVERENDISSIMO SENHOR // D. FR. JOSE’ MARIA // DA FONSECA, E EVORA, // ‘EX-GERAL DA ORDEM DOS MENORES DE SAM FRANCISCO // por merce de Deos, e da Santa Sé Apostolica Bispo desta Cidade, e Bispado // do Porto, Perlado Domestico de Sua Santidade, Assistente ao Solio // Pontificio, e do Conselho de Sua Magestade, &c. // DADO AO PRELO’ // PELO PADRE ANTONIO DA COSTA PORTO, // Bacharel nos Sagrados Canones, Natural da mesma Cidade, e na sua Officina impresso // à sua Custa. // [vinheta decorativa] // PORTO, // Na Officina PROTOTYPA, Episcopal. // ——— // M.DCC.XLII. In-4.º gr. de IV-XIV-LXVI-[II]-321-[I]-346 [aliás 360]-[II] págs. E.
Obra da maior importância para o estudo da cultura e da identidade politica-religiosa do clero na diocese do Porto, da autoria de D. Rodrigo da Cunha, arcebispo de Lisboa que se revelou como "um dos mais enérgicos e entusiastas defensores da independência portuguesa quando do domínio castelhano".
Pela primeira vez dada à imprensa em 1623, “No Porto : por Joaõ Rodriguez Impressor de sua Senhoria, 1623”.
Diz António Cerqueira Pinto no «Prologo» desta segunda edição: “(…) No discurso de 118 annos teve tal consumo esta primeira Impressaõ do dito Catalogo, que deficultosamente descobre algum volume delle qualquer sogeito, que pertende conseguillo: O que moveo ao Reverendo Padre Antonio da Costa Porto, natural da mesma Cidade, a estabalecer nella huma nova Impressaõ à sua custa, pertendendo logo condecoralla no emprego de reimprimir o dito Catalogo; e tendo já preparada a Officina com Officiaes promptos ao expediente della, lhe advertiraõ alguns doutos, e coriosos sogeitos, que supposto o Illustrissimo Dom Rodrigo da Cunha escrevera o dito Catalogo, adornando-o de toda a materia, que lhe foi possivel indagar, com tanta erudiçaõ, como era notorio; com tudo já o era tambem, que na Diocesi [sic] do Porto houvera positivamente mais alguns Prelados, de que a sua douta indagaçaõ naõ chegou a descubrir noticias, e a elle mesmo se seguiraõ tantos, de que ainda se naõ havia formado publico Catalogo, que fazia preciso addicionar o que atégora havia corrido impresso, em beneficio da Republica literaria. (…)”.
Segunda edição, preferível à edição original pelos aditamentos que a constituem.
Da «Licença do Santo Ofício», assinada por Fr. Bernardino de S. Rosa transcrevemos: “Manda-me V. Senhoria qualificar o Catalogo dos Bispos do Porto, novamente Addicionado por ‘Antonio de Cerqueira Pinto’, Cidadaõ da dita Cidade, e Academico Supranumerario da Academia Real da Historia Portuguesa. E principiando a examinar o Proêmio, e Prefaçaõ prévia, ou novo Additamento antecedente ao primeiro Capitulo, com aquella reverente attençaõ, que se merecem taõ sagrado preceito, e taõ excellente obra, correo a pena, e expressou o meu dictame, com bem merecido elogio do Autor; pois levado mais da doce armonia da sua polidissima historia, e do precioso fruto, de quem encontra hum grande thesouro no pequeno campo de hum livro, que naõ do officio do Censor. Admirei os seus remontados voos na elevaçaõ de peregrinas memorias, não averiguadas até o presente pelo dilatado curso de tantos seculos, e illustradas agora com taõ acertada critica, que parecem todos os seus fundamentos bellissimos resplandores de hum Astro (…).
“Neste Proêmio podem admirar os Historiadores mais cultos, exactamente observados os delicadissimos preceitos da severissima Arte Critica, nestes tempos de muitos nomeada, e de poucos conhecida; porque descrevendo este Erudito Academico com severo juizo, e com todo o rigor da Critica, a origem, e primeiros fundamentos da antiga Cidade do Porto, discorre historicamente com humas vozes urbanamente heroìcas, com huns periodos engenhosamente criticos, para o entendimento vivamente especulativos, para a vontade affectuosamente practicos. Em fim, com sabia discreta eloquencia cumpre com as obrigaçoens de hum perfeito Critico Historico, sendo breve a narraçaõ sem superfluidade nas palavras muito, claro; porque guarda a ordem dos tempos, sem confusaõ das pessoas, muito verdadeiro; porque em si, e no seu estyllo he digno de toda a fé, alheyo de toda a paixaõ; e observa tambem os apices da relaçaõ veridica, que elles mesmos publicaõ ser verdade tudo o q se conta neste Catalogo, (…)”.
Entre os exemplares que pudemos observar, verificamos a existência de variantes, sendo o exemplar que agora descrevemos assim constituído e por nós classificado de variante [A]: O frontispício, em tudo semelhante à variante [B] apresenta nas linhas 14 e 15 os seguintes dizeres: “D. FR. JOSE´ MARIA // DA FONSECA, E EVORA,” [quando na variante [B] apresenta: “D. FR. JOZE´MARIA // DA FONSECA EVORA,”]; As «LICENÇAS DO SANTO OFFICIO», apresentam a mesma composição tipográfica da variante [B]. No verso da última pág. das mesmas ‘LICENÇAS’ dá-se início ao «INDEX DOS CAPITULOS DESTE LIVRO» que no caso da variante [A] está truncado, saltando do ‘Cap. III’ para o ‘Cap XXXI’. Erro que viria a ser resolvido com a inserção de nova folha incluída na variante [B] dando assim novo início ao respectivo «INDEX», corrigindo-o. Sem dúvida vestígio de terem sido aproveitadas para a variante [B], as folhas das ‘LICENÇAS’ da variante [A]; Ambas as variantes [A] e [B] apresentam uma bela vinheta de remate com motivos fitomórficos no final do respectivo «INDEX».
No final da 1.ª parte, a págs. 321, foi utilizada na variante [B] uma vinheta de remate com dois pássaros em cima de um ramo, em substituição da palavra “FIM” utilizada na variante [A]. Constatação que nos leva a supôr nova composição tipográfica, cremos que parcial, do corpo principal da obra [variante B].
Em ambas as variantes, no final da segunda parte do ‘Catalogo’, com uma xilogravura de remate, alusiva á Companhia de Jesus.
Encadernação contemporânea com sinais de desgaste, superficiais; no pé da lombada, com um pequeno defeito causado por insectos.
Na contracapa da pasta frontal com a assinatura de D. José de Moura Coutinho, prelado português natural de Celorico de Basto [Casa de Telhó, em S. João Baptista de Arnoia] e afamado genealogista.