BAPTISTA (Augusto Cerveira).— CLARIDADE. Versos. Colecção Unidade. Agência-Geral do Ultramar. Lisboa. 1966. In-8.º gr. de 118-II págs. B.
“A poesia de Augusto Cerveira Baptista caracteriza-se pelo natural lirismo dum estro apurado, fiel na maior parte dos poemas aos moldes clássicos, mas denotando evidente ambiência temática que os situa muito especificamente na área cultural de Angola a que pertencem, dada a juventude do autor quando ali se fixou. A par dos seus poemas de natureza regional, não isentos de interesse etnográfico e até geo-sociológico e com suas contribuições para o enriquecimento linguístico, há versos de António Cerdeira Baptista muito fiéis á tradição dum lirismo português de «amor e amigo», sensível e suave em seus moldes. […]”.
No prefácio que antecede o «Roteiro Sentimental de Malage», “Reis Ventura refere, oportunamente, a importância que [A. Cerveira Baptista] teve na vida cultural de Angola, a personalidade de António Correia de Freitas, director do jornal «A Província de Angola», polarizador, Mecenas e animador de intectuais e de artistas da década de 40, actividade benemérita que manteve até aos derradeiros anos da sua vida. A poesia de um Tomaz Vieira da Cruz ou os primeiros passos artísticos de Neves e Sousa, encontraram em António Correia de Freitas aquela abertura sensível, aquela admiração sem reservas mentais, que Reis Ventura sublinha, ele, — que fez também parte da pequena academia literária angolana que em «A Província de Angola» tinha assento e presença.
“Eis como Reis Ventura define o grupo que Correia de Freitas animou e protegeu: «sem enquadramento político nem filiação cultural, diversos nas ideias e no modo de as exprimir, bastante afastados uns dos outros em níveis de mérito, originalidade ou cultura, mas sempre com duas notas comuns: um portuguesismo exemplar e uma constante fidelidade aos parâmetros da civilização ocidental» [’in’ Novos parágrafos de Literatura Ultramarina» de Amândio César].
Volume publicado na «Colecção Unidade – Secção poesia», sob a direcção literária de Luís Forjaz Trigueiros.