RARÍSSIMO MANUAL DE EXORCISMO E REFUTAÇÃO DOS PRINCIPAIS CASOS DE LUXÚRIA, BRUXARIA E ACTOS DEMONÍACOS
MOURA (Manuel do Valle de).- DE INCANTA- // TIONIBVS SEV // ENSALMIS. // OPVSCVLVM PRIMVM, AVCTORE EMA- // nuele do Valle de Moura Doctore Theologo, ac Sanctæ // Inquisitionis Deputato Lusitano. // Patria Calantica. // ‘PRECIPVA, QVÆ AGVNTVR // in hoc Opusculo, refert Elenchus ad calcem Epis- // tolaæ ad Lectorem’. // (Gravura com brasão d’armas] // EBORÆ. // Typis Laurentij Crasbeeck. Anno 1620. In-4.º gr. de VI ff. prels. inums., 609-II págs. sendo em branco a última. E.
Raríssimo e muito valioso “manual prático de exorcismo e de refutação dos principais casos de luxúria, bruxaria e actos demoníacos”, segundo J. Alves Dias, a “primeira obra conhecida saída do prelo de Lourenço de Craesbeeck”, impressor com actividade em Évora e herdeiro da arte de imprimir, filho de Pedro Craesbeeck, ilustre impressor que desde 1592 fixou residência em Lisboa e estabeleceu a sua oficina de tipografia.
Edição pormenorizadamente descrita por Gusmão C. Arouca na «Bibliografia das obras impressas em Portugal no século XVII», ou por J. Alves Dias no livro «Craesbeeck. Uma dinastia de impressores em Portugal».
Desconhecida de Caillet que a não regista no seu notabilíssimo «Manuel Bibliographique des Sciences Psychiques ou Occultes». Não vem registada nos catálogos das principais bibliotecas portuguesas, figurando, embora incompleto, no «Catálogo dos Reservados da Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra».
Sobre o autor diz Barbosa Machado na «Biblioteca Lusitana» ter nascido em Arraiolos e “Instruido nas humanidades, e lingoa Latina aprendeo as sciencias severas na Universidade de Evora, onde recebeo o grao de Doutor em Theologia, e querendo dilatar a esfera do seu grande engenho por outras Faculdades passou a Academia Conimbricense, e aplicado á Jurispridencia Pontificia se graduou nella com aplauso de todos os Cathedraticos. A madureza do juizo unida com a profundidade da litteratura o habilitaraõ, para que o nomeasse o Duque de Bragança D. Theodosio II. Abbade da Igreja de Santa Christina de Barroso, e depois de Mestre do Senhor D. Alexandre, filho dos Serenissimos Duques de Bragança D. Joaõ, e Dona Catherina, devendo ao seu magisterio as prudentes acçoens que praticou nos supremos lugares de Inquisidor Geral, e Arcebispo de Evora. Sendo Eleito Deputado da Inquisição de Evora a 15 de Setembro de 1603, desempenhou a eleiçaõ no ardente zelo com que servio este Tribunal. Nos ultimos annos tolerou com heroica constancia a falta de vista, que lhe era mais molesta por naõ poder usar dos livros em que sempre achou a sua mayor deleitaçaõ, mas como conservava memoria do que tinha lido compoz varias obras depois de cego ornadas de doutrinas Theologicas, e de textos de hum, e outro Direito nomeando o numero das paginas dos livros, que allegava para authorizar as suas opinioens, (…).”
Juntamente com Bartolomeu Varela, Manuel Luís Freire e Luís Mendes de Vasconcelos, ao tempo estudantes na Universidade de Évora, fez uma célebre paródia do 1º Canto dos «Lusíadas», que veio num dos tomos do «Anatómico Jocoso».
Frontispício adornado com um grande brasão d’armas gravado em madeira encimado por um elmo cerrado, decorado por paquife ou folhagem desenhada ao seu redor, tendo no timbre um grifo.
Composição a duas colunas em caracteres redondos e itálicos. O texto, predominantemente escrito em latim, apresenta uma interessante carta em castelhano assinada de “S. Roque de Lisboa 22 de Octubre 1606. Pero Paulo Ferrer” e outras passagens ou citações na mesma língua.
Os fol. 1 a 11 são contados por folhas e não por páginas; há uma pág. em branco inum. entre as págs. 552 e 553 e está repetida a num. da 589.
Encadernação da época com a lombada em pele, parcialmente danificada pela acção de insectos ou roedores e as pastas em pergaminho. Insignificantes picos de traça na margem interior; pouco significativa mancha antiga de tinta na margem inferior.