MATOS (João Xavier de).— ELOGIO FUNEBRE // DO // ILUSTRISSIMO E EXCELENTISSIMO // SENHOR // D. FRANCISCO // XAVIER TELLES, QUE NA PRESENÇA // DOS ILLUSTRISSIMOS E EXCELLENTISSIMOS SENHORES // MARQUEZES DE NIZA, // E SEUS IRMÃOS, // RECITOU DEPOIS DAS SUAS // EXEQUIAS // JOAÕ XAVIER DE MATOS. // [vinheta] // LISBOA. NA OFFICINA LUISIANA. // ANNO M. DCC. LXXIX. // ‘Com licença da Real Mesa Censoria. In-8.º de 11-[I] págs. Desenc.
“Todos conhecêram o Sogeito de que trato. Todos sabem, que o Senhor D. FRANCISCO he fructo de hum ramo, cujo Tronco foram Reis. […]. Todos sabem que a sua vocaçaõ militar, o levou desde menino a contender com os perseguidores da nossa Fé, em odio da qual infestam todos os dias as ondas e os Portos do Medtiterraneo […]. Todos sabem, q̃ elle depois de completar as suas Caravanas, voltou á Patria, mais cheio de merecimentos, que de premios. Que elle era alli hum inimigo capital da ociosidade; e que a louvavel applicaçaõ com que a entretinha no tempo de paz, era resolver problemas da Nautica; ajustar calculos da Arithmetica; e parece que dos sólidos principios destas Sciencias tirava acertos com que regulava as acções da sua vida. […]. Sim, Senhores; eu considero ao Senhor D. Francisco no ardor do memoravel, do engenhoso combate, em que perdeo a vida. Eu o consider esforçando os Soldados para a peleja; animendo os Marinheiros para a manobra. Parece-me que o vejo correr a través da sua Nao, para distribuir as ordens […]. Parece que sôa aos meus ouvidos o estrondo da artilheria, o zunido das balas, e que entre enroladas nuvens de denegrido fumo, apparece o nosso Heroe, vigilante, impavido, e forte. Com todas estas imagens tristes, com todos estes horrorosos objectos, se naõ perturba absolutamente a nossa opprimida consideraçaõ; porém o que a desordena de todo, o que deixa de hum golpe o nosso espirito sem resistencia, ha a imaginaçaõ, e a certeza, de que o Senhor D. FRANCISCO recebe huma bala na perna esquerda, que o fere mortalmente. […]”.
No final do opúscilo, a págs. 11, com um ‘Soneto’ cremos que de João Xavier de Matos.
Com uma tira de papel colada na dobra da lombada e um monograma de Pedro de Sousa Holstein, 1.º Duque de Palmela, impresso a óleo na primeira página.