ABOIM (Diogo Guerreiro Camacho de).— ESCOLA // MORAL, POLITICA, // CHRISTÃA, E JURIDICA. // DIVIDIDA EM QUATRO// PALESTRAS. // NAS QUAES // LEM [sic] DE PRIMA AS QUATRO VIRTUDES CARDEAES. // Na primeira, a ‘Prudencia’ na Cadeira do Entendimento. Na segunda, a ‘Justiça’ // na Cadeira da Vontade. Na terceira a ‘Fortaleza’ na Cadeira do Iracivel. [sic] Na // quarta a ‘Temperança’ na Cadeira do Concupiscivel; dando Leys a todas as // Virtudes, que dellas procedem, e confutando todos os vicios, que se lhe // oppoem, e dirigindo todos os actos das quatro faculdades da alma, capazes //de virtudes, e vicio, Entendimento, Vontade, Irascivel, e Concupis- // civel, às regras da razão; sahindo a Prudencia na primeira PALESTRA, // com hum Ministro prudente; a Justiça na segunda, com hum Ministro // justiceiro; a Fortaleza na terceira, com hum Ministro forte; // a Temperança na quarta, com hum Ministro temperado. // ‘MATERIA UTIL, E NECESSARIA PARA TODO O ESTADO, // e profissoens de pessoas Ecclesiasticas, e Seculares.’ // COMPOSTA // ‘Pelo Doutor DIOGO GUERREIRO CAMACHO DE ABOYM // ‘Familiar do Santo Officio, e Desembargador do Porto.’ // E DEDICADA // A ELREY N. SENHOR // D. JOAM V. // POR // ANTONIO DE SOUSA DA SYLVA. // LISBOA OCCIDENTAL: // ———— // NAOFFICINA [sic] DE ANTONIO DE SOUSA DA SYLVA. ANNO. M. DCC. XXXIII. // ‘Com todas as licenças necessarias. E à sua custa.’ In-4.º gr. de XXX-524 págs. E.
Edição de cuidada e nítida impressão, composta a duas colunas: frontispício impresso a negro e vermelho; letras capitais de fantasia, flores de enfeite e de remate, tudo em gravuras abertas em madeira.
Primeira edição desta diversificada e curiosa obra cujos temas tratados, dispostos em quatro palestras [Prudência, Justiça, Fortaleza e Temperança] abordam os mais variados e curiosos assuntos: entre muitos outros, uns dizem respeito à história portuguesa e universal, outros aos amigos e à amizade, ao amor, aos animais ("Referem-se alguns, que morreraõ de pena, vendo mortos a seus senhores"), aos criados e às regras que devem observar, à esposa (que "Naõ deve ser nescia, nem engenhosa"), aos golfinhos ("Agradecimento que hum teve com hum menino"), à indústria, ao jogo, aos judeus, às leis, aos livros (que "Saõ conselheiros mudos", "Os perniciosos aos bons costumes devem-se queimar, ou ao menos ler-se com muita cautela"), às mães (que "Devem criar a seus filhos com o proprio leite, ainda que seja venenoso, e porque?"), aos maridos (que "Estaõ sogeitos à ley da continencia, da mesma sorte, que suas mulheres"), ao matrimónio, que se compara "ao jogo, e à navegaçaõ", aos ministros (que entre outros conselhos, "Aos que recebem dadivas, naõ se podendo cortar-lhes as mãos, cortem-se-lhes as cabeças"), aos mouros (que "Depois dos Judeos saõ os inimigos mais infestos da Christandade"), às mulheres (a quem se "naõ devem fiar segredos de negocios publicos"), à nobreza, aos reis, aos vassalos, etc., etc.
O autor, “Naceo na Quinta dos Guerreiros solar da sua familia no Territorio do Campo de Ourique, em a Provincia do Alentejo [Almodôvar], no anno de 1663 (…). Depois de estudar na Universidade de Coimbra Direito Cesareo, em que recebeo o gráo de Bacharel com applauso de Mestres, e discipulos, exercitou varios Lugares como foraõ, Juiz de fóra de Monte mòr o velho, Juiz dos Orfaõs de Lisboa, Juiz do Fisco do Territorio de Evora, Dezembargador do Porto, donde passou à Casa da Supplicação a 17. de Novembro de 1703, e ultimamente a Dezembargador dos Aggravos a 20. de Abril de 1709. Em taõ diversos ministerios sempre conservou inviolavel a justiça, sem que pudesse o soborno por menos nobre, ou o respeito por mais authorisado fazer a mais leve impressaõ em seu incorrupto animo. (…)” [’in’ Biblioteca Lusitana de Diogo Barbosa Machado].
Encadernação contemporânea de pele inteira, com nervuras na lombada e ferros fundidos a ouro. As pastas apresentam alguns defeitos superficiais. Com um furo de bicho no canto superior direito dos três primeiros cadernos.