CASTRO (José Augusto de).— GRITOS. (Semanario de um revoltado). 1901. Imprensa de Libanio da Silva. Lisboa. In-8.º de 246-II págs. E.
Entre os muitos e diversificados assuntos tratados, o volume integra dois com interesse portuense: «A peste bubonica, no Porto» e «O 31 de janeiro no Porto (a José Pereira de Sampaio)». Entre outros, respigamos do índice: Nem evolução nem revolução; Eleições e lama; Basta de sonhos; Pantano; Malditos; O que somos; Pobre povo; O sr. Homem de Mello «amigo» do povo; Um sanatorio e o que o povo precisa; Resistir (a França Borges); Aos poetas; Tuberculose e conselhos; Um symbolo; A peste bubonica; Salvé, Brasil; Differença de scenario (a Mayer Garção); A peste (a Fernando Reis); Um libello; Chuva de sangue; Tenhamos fé; Alma negra; Vingança; Oração; Progredimos; A exposição de Paris; Não voltes, ó Christo; Contra a mentira.
“O pamphleto seria a minha arma de combate. Puz-me a caminho… mas, alguns passos andados, a tuberculose sahiu me de emboscada e obrigou me a parar. […].
“Prohibido de estudar e de pensar, tinha, forçosamente, que desistir do meu Ideal, renunciar á lucta, assistir, de braços cruzados e lagrimas no coração, ao aginizar d’um Povo que mãos ignobeis conduziram a um abysmo de lama; ao tripudiar de uma civilização mais barbara que a das tribos selvagens — onde o crime existe, não ha duvida, mas não envolto em formulas consagradas por um egoismo revoltante, em uma hypocrisia collectiva sanccionada pela Força e abençoada Religião!
“Ás vezes, porém, a vontade protestava e um Grito irrompia, fervente de dôr ou de colera, clamando contra a Eniquidade. D’aqui este livro. (…)”.
José Augusto de Castro, natural da Mêda [Guarda], nasceu em 1862, defensor do ideal republicano ainda sob o regime monárquico fundou o jornal «O Combate». Entre outros livros publicou: «Os rebeldes», «O inimigo», “«erra sagrada: Guarda» e «Civilização e hipocrisia».
Edição de esmerado cuidade gráfico, impresso em papel de escolhida qualidade.
Encadernação com a lombada de pele, da época.