LIMA (João de Lebre e).— O LIVRO DO SILENCIO seguido dos POÊMAS DO CORAÇÃO E DA TERRA. [dim. aprox. 15,5 x 22,5 cm.] 151-[I] págs. E.
Manuscrito do primeiro livro do autor, dado à imprensa por A. M. Teixeira — Livraria Clássica Editora, em 1913.
Segundo podemos apurar no «Arquivo Virtual da Geração de Orpheu» da Universidade Nova de Lisboa, João de Lebre e Lima [1889-1959], “natural do Porto, bacharel em Direito, cursou Psicologia Experimental em Genève. Em 1915, entrou na carreira diplomática, tendo exercido funções em Inglaterra e na China. Depois de se reformar, fixou-se no México, onde viria a falecer. Amigo de Pessoa, a ele dirige o poeta uma carta, em 3-5-1914, num tom de rara confidencialidade, a que não deve ser alheio o facto de Lebre e Lima ter conhecimentos de psicologia e sofrer também do mesmo «abismo de torpor de todo o Eu»: «Estou num destes momentos em que tudo perde o sabor a vida que tem e em que adoece dentro de nós o nosso modo de sentir as coisas; repare que eu digo que adoece, não as sensações, mas o modo como elas são sensações», escreve (Correspondência, I, p.112), fazendo também alusão a um livro do amigo, certamente ao Livro do Silêncio (1913). João Lebre e Lima há-de referir e agradecer mais tarde «a lealdade e o carinho» com que Pessoa o tratou, quando publicou precisamente esse livro. Isto é dito numa longa dedicatória que acompanha a edição em livro de uma sua conferência lida no 2.º Salão dos Humoristas e Modernistas – Porto, 1915, intitulada O Claro Riso Medieval (1916). Lebre e Lima é ainda autor de Poemas do Coração e da Terra e Da Pena de Morte (1920), A História do Patriotismo, entre Mortos (memórias), Raiz em Flor e Dor Errante. Entre 1912 e 1913, dirigiu, com Aarão de Lacerda, a revista Dionysos – Revista mensal de Philosophia, Sciência e Arte (Coimbra-Porto).”
Com Aarão de Lacerda, Lebre e Lima, fundou a revista «Dyonisos», onde também contribuiu como poeta. Também como poeta colaborou para as revistas «Atlântida» [sob pseudónimo ‘João do Rio’] e «Serões».
Confrontamos o presente manuscrito com outro que se encontra conservado na B. P. M. P. [Ms. 1944], destinado à 2.ª impressão da obra, com omissões em relação à edição original, revela diferente organização do volume e menos poesias que as que se incluem no nosso exemplar: Embora não dividido em II partes [O Livro do Silêncio seguido dos Poemas do Coração e da Terra] o exemplar da B. P. M. P. inclui alguns dos poemas de ambas as partes, estando em falta os poemas manuscritos nas páginas 17, 47, 59, 61 [datado de 1930], 63 [datado de 1912], 71[datado de 1910], 73 [datado de 1912], 111 [datado de 1910], 121 [datado de 1911], 123 [datado de 1910] e 131 [datado de 1911] do nosso exemplar. Não constam ainda no exemplar da B. P. M. P. os respectivos títulos, data, dedicatórias e outras notas que se incluem no manuscrito que apresentamos.
Perante esta confrontação, presumimos que o manuscrito que agora apresentamos é anterior ao manuscrito conservado na B. P. M. P. provavelmente destinado à edição original.
Encadernação inteira de pele gravada a seco na lombada e pastas; com vestígios de humidade e outros defeitos.