CAMÕES (Luís de).— OS LUSIADAS. Nova edição segundo a do Morgado Matteus. Com as notas e vida do autor pelo mesmo, corrigida segundo as edições de Hamburgo e de Lisboa, e enriquecida de novas notas e d’uma prefação, pelo Dr. Caetano Lopes de Moura. Pariz, Na Officina Typographica de Firmin Didot, Impressor do Rei, e do Instituto; Rio de Janeiro, Rua da Quitanda, 97. — 1847. [No verso do ante-rosto: Paris, Typographie de Firmin Didot Frères, Rue Jacob, 56.]. In-8.º de IV-II-415-[I] págs. E.
“A edição, que presentemente damos dos Lusiadas, do primeiro poema epico, que appareceo no orbe litterario impresso e escripto n’uma das linguas modernas da Europa meridional, e que, segundo o dito do celebre Montesquieu, correndo parelhas em sublimidade com os poemas de Homero, tem a magnificencia da Eneida de Virgilio, é a mais correcta de quantas haõ até agora apparecido em França. O texto do poema acha-se restituido á sua primitiva pureza, expurgados e corrigidos os erros, em que havia incorrido o Morgado Matteus, varão alias benemerito da patria pela rica edição, que á sua custa publicou dos Lusiadas, por haver por vezes seguido com demasiada fidelidade e escrupulo a lição das primeiras edições de 1572, como se o exemplar manuscripto, que servio de norma para as sobreditas edições, fosse o autographo do proprio Camões, e como se não foráo bastantes os erros de orthographia e de syntaxe, que disfigurão as mencionadas edições, para convencerem o homem mais incredulo em semelhantes materias, de haverem ellas sido feitas á revelia do poeta […].
“As notas pois, que ajuntamos, serviraõ unicamente de justificar as differentes correcções feitas no texto das precedentes edições do Morgado de Matteus, o qual, se fora vivo em 1826, não teria occasião para queixar-se, como o fez no principio da sua ‘Advertencia’, de que nenhum editor houvesse mostrado a differença de lições que se observava nas duas edições originaes, caracterizando a ‘primeira’ e a ‘segunda’, e cedendo ás razões convincentes allegadas pelo erudito M. Mablin na carta á Academia das sciencias de Lisboa ácerca do texto dos Lusiadas, teria preferido o texto da edição reputada segunda ao da primeira. […]”.
No magnífico trabalho bibliográfico «A Obra Monumental de Luiz de Camões», Brito Aranha esclarece com pormenor aquilo a que apelida de tentativa de plagiato operada nesta edição.: “[…] Lopes de Moura, em as notas de sua lavra, pag. 407 a 415, apenas copiou, plagiou ou alterou e resumiu, com pallido reflexo, as avantajadas e eruditissimas notas de Freire de Carvalho. […]”
Encadernação modesta com lombada de pele. Com vestígios de acidez, próprios do papel utilizado na edição.