SENGHOR (Léopold Sédar).— LUSITANIDADE E NEGRITUDE. Lisboa. 1975. [Academia das Ciências de Lisboa]. In-8º gr. de 58-VI págs. B.
Notável comunicação proferida pelo Poeta e Presidente da República do Senegal ao ser recebido no seio da Academia das Ciências de Lisboa, como seu sócio correspondente:
“Nunca será demais dizê-lo: contrariamente à reputação em que são tido os povos do Sul da Europa e os povos mediterrânicos em geral, o povo português é, como eles e mais do queles, um povo ‘rude e trabalhador’, que sempre soube combater e trabalhar.
“Povo guerreiro, os Portugueses têm, desde Viriato, resistido ao invasor, e se sucumbiram ao peso do número ou da superioridade técnica das armas, assimilaram-no sempre: ao Romano e ao Germano, ao Mouro e ao Castelhano, ao Francês… Ainda hoje, os nomes das suas grandes vitórias exaltam as memórias: Ourique, Aljubarrota; enquanto os monumentos que as celebram, Alcobaça, Batalha, quais metáforas de pedra, proclamam o génio lusitano, que uniu a fé religiosa ao orgulho nacional, os contributos estrangeiros à permanência nacional.
“Povo trabalhador pois, este que desbravou as selvas, não só da Lusitânia, mas do Novo Mundo, que desbrava ainda hoje o imenso Brasil, que atacou os flancos graníticos das suas montanhas, pescou nos mares distantes, aí bateu povos guerreiros, como já veremos, e construiu fortalezas, em primeiro lugar em toda a costa africana do Atlântico. A minha aldeia natal, ‘Joal’, disso é testemunho, com o seu nome português e a fortaleza que, quando nasci, ainda se amantinha de pé.”
Inclui ainda discursos do Prof. Doutor Pedro Manuel de Almeida Lima (Presidente da Academia) e do Prof. Doutor Jacinto Almeida do Prado Coelho (Vice-Presidente da Academia).