FERRO (António).— MAR ALTO. Peça em 3 actos. Prefácio do autor. Lisboa. Imprensa Lucas & C.ª. [1924]. In-8.º de 184-XIX-[III] págs. B.
Peça de teatro pela primeira vez representada em 1922 no ‘Teatro Sant’ Ana’ de S. Paulo e ainda no mesmo ano reposta no Rio de Janeiro, no ‘Teatro Lírico’. Em Lisboa, no ano seguinte, a peça esteve em cena no ‘Teatro S. Carlos’, tendo sido então proibida de ser representada.
Edição acompanhada de um extenso e interessante prefácio do autor datado de 1922, seguido de “Fragmentos de todas as criticas feitas, ao MAR ALTO, no Brasil e em Portugal.”; no final do volume vem transcrita uma ‘Carta a Lucília Simões’, assim como “O Protesto dos Intelectuais Portugueses” assinado por Raul Brandão, António Arroio, Samuel Maia, António Sérgio, Faria de Vasconcelos, José d’ Arruela, Fernando Pessoa, Álvaro de Andrade, Norberto de Araújo, Robles Monteiro, José Gomes Mota, Raúl Proença, Aquilino Ribeiro, Jaime Cortesão, Gualdino Gomes, João de Barros, Alfredo Cortez, A. Rocha Peixoto, João Correia de Oliveira, Artur Portela, Francisco de Lacerda, Pedro Bordalo Pinheiro, António Alves Martins, Augusto de Santa Rita, Eduardo Malta, Mário Saa, Celestino Soares, Leal da Camara, Nogueira de Brito, Christiano de Carvalho, G. de Matos Sequeira, César de Frias, António de Cértima, José Pacheco, António de Menezes, Sebastião Ramalho Ortigão, André Brun, Américo Durão, Luis de Montalvor, etc.
“Este protesto não chegou a ser entregue porque a proibição da peça foi levantada devido aos esforços do ilustre parlamentar sr. dr. Vasco Borges e do distinto escritor sr. dr. Carlos Babo. (…). A peça não voltou à scena porque a companhia Lucinda Simões já tinha terminado a temporada quado a peça readquiriu a sua liberdade… (…)”.
Do Prefácio: “Quando escrevi o ‘Mar Alto’, saibam-no todos, eu previ a tempestade… (Ha lá nada mais belo do que gerar tempestades…). Riam amarelo todos aqueles que riram vermelho no final do ‘Mar Alto’. Se eu previ, podia ter evitado essa tempestade, não é verdade? Se a não evitei foi porque não temi a matilha, a matilha inofensiva, pobre de faro e de garras… Se a não evitei foi porque tenho uma grande confiança no ‘Mar Alto’, a confiança de que, um dia, êle abaterá todos os diques e alastrará e subverterá todos os que se aventurarem a opôr-se à sua marcha impetuosa, todos êsses pigmeus, todo êsse colegio de meninas e meninos… (…)”
Capa da brochura manchada, com sinais de desgaste.