HERCULANO (Herculano).— O MONASTICON. Lisboa em Casa da Viuva Bertrand e Filhos. Aos Martyres n.º 45. MDCCCXLVII — MDCCCXLVIII. 2+1 vols. In-8.º de X-II-316; XIV-II-311-I e 380-II págs. E.
Interessante e invulgar colectânea que reúne duas das mais apreciadas narrativas históricas de Alexandre Herculano [Eurico, o Presbítero e o Monge de Cister], a primeira na segunda edição, sendo a segunda, da edição original. Ambas com frontispício independente, impressas nos prelos da Imprensa Nacional.
Diz Ofélia Paiva Monteiro na «Enciclopédia Verbo das Literaturas de Língua Portuguesa — Biblos»: ‘Eurico’ e ‘O Monge de Cister’ — as obras que constituem o conjunto que denominou ‘O Monasticon’ — prendem-se (…) ao conflituoso diálogo de H. com a Igreja Católica, mostrando “as agonias íntimas» a que ela condena os seus ministros, impondo-lhes a solidão desumana do celibato (prólogo de ‘Eurico’); na representação, em ‘Eurico’, da decadência dos Visigodos (guerra civil, ambições torpes da nobreza, luxo do clero, miséria do povo prostituído aos poderosos) insinua-se o desenganado juízo do escritor sobre o Portugal do seu tempo, tal como a sua ideologia sociopolítica ilumina os conflitos e as personagens que mostram, n’ ‘O Monge de Cister’, a ciosa prepotência dos grandes, as justas reivindicações burguesas ou a montagem do centralismo régio numa aliança com o povo mais devida ao voto de diminuição do poder nobre do que a convicções filantrópicas (…)”.
Encadernação coeva e uniforme. Frontispícios assinados pelo fotógrafo portuense Guedes d’Oliveira.