MACEDO (Inácio José de).— ORAÇÃO FUNEBRE // RECITADA // NAS EXEQUIAS DO MUITO ALTO, E PODEROSO // SENHOR D. JOÃO VI. // IMPERADOR DO BRAZIL, E REI DE POR- // TUGAL E ALGARVES, // ‘CELEBRADAS NA SANTA SE’ DO PORTO’ // PELO ILL.mo SENADO DA CAMARA // EM 27 DE ABRIL DE 1826, // POR // (…) // [brasão de armas de Portugal] // PORTO 1826: // [linha de enfeite] // ‘Typ. á Praça de S. Tereza. (Com Licença). In-4.º peq. de 16 págs. B.
Opusculo bastante raro, com interesse para a bibliografia de D. João VI, da história do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves e da Independência do Brasil.
Palmira M. Rocha de Almeida no «Dicionário de Autores no Brasil Colonial» dá substancial relêvo à atribulada biografia do autor [1774-1834]. Natural da cidade do Porto, “Tinha apenas oito anos de idade quando acompanhou a família na sua deslocação para território brasileiro, onde viveu até ao regresso a Portugal, ocorrido em 1823 (…) Quando surgiu a oportunidade, revelou uma grande inclinação pelo jornalismo, em particular no campo do debate politico, faceta em que sempre demonstrou não enjeitar intervenções empenhadas e polemicas. Na Baía, foi primeiro redactor de ‘A Idade d’Ouro do Brazil’, periódico importante no contexto da sociedade local. (…).” Terminada a Guerra da independência, abandona em definitivo o Brasil e regressa a Portugal, “instalando-se na sua cidade natal, onde não deixa de assumir uma postura de continuidade no envolvimento na vida politica, desenvolvida através da via jornalística, com a publicação, a partir de 1826, do periódico politico, noticioso e literário ‘O Velho Liberal do Douro’, no qual defende com fervor as ideias liberais, passando ele próprio a ser designado por epíteto idêntico ao título do jornal. (…) Após a declaração de independência do Brasil ocorreu um conjunto de acontecimentos que culminou no reconhecimento desse facto por parte de Portugal através do ‘Tratado de amizade e aliança entre El-Rei o Senhor D. João VI e D. Pedro I (…). O processo, que integrou diversos documentos complementares (…), encerra-se com a ‘Carta de Lei pela qual El-Rei o Senhor D. João VI manda publicar e cumprir a ratificação do Tratado (…)’, e tem como epílogo a cerimónia religiosa realizada na Sé Catedral do Porto, na qual o padre Inácio José de Macedo recitou a sua ‘Oração Gratulatória’. Não é despiciendo crer que lhe tenha sido outorgada a nobre missão de proceder ao importante discurso de encerramento de um ciclo extremamente importante da nossa História pelos seus reconhecidos méritos de pregador, mas é admissível supor que a sua ligação à Casa Real de D. João VI e os princípios politicos que perfilhava possam igualmente ter estado na base da escolha. É indiscutível a notável coincidencia de ter sido designado um luso-brasileiro, qualidade que a sua vida permite atribuir sem hesitação ao orador, para celebrar o ato final de separação dos dois países, Portugal e Brasil. (…)”.
Capa da brochura em papel marmoreado, não contemporâneo.