DIAS (João Pedro Grabato) [Heterónimo de António Quadros].— [40 E TAL SONETOS DE AMOR E CIRCUNSTANCIA E UMA CANÇÃO DESESPERADA. MCMLXX]. In-8.º de II-59-[III] págs. B.
“João Pedro Grabato Dias é um poeta sem rosto social. O livro que hoje se oferece ao público é o livro de um poeta excepcional que habita um cidadão que ninguém conhece.
“Em 1968, o juri do Prémio de Poesia do Concurso Literário da Câmara Municipal de Lourenço Marques, (constutuído por Rui Knopfli, Orlando Mendes, Eduardo Parreira, Maria de Lourdes Cortez e Eugénio Lisboa) foi surpreendido ao deparar, de entre a massa compacta de poemas concorrentes, com um texto de qualidade excepcional, sem título, assinado com um pseudónimo que depois se verificou pertencer ao poeta João Pedro Grabato Dias. Foi, se bem nos recordamos, o único trabalho que obteve desde o primeiro instante, a unanimidade incontroversa. O júri dos outros prémios — alguns bastante controversos — pareceu surpreendido com o acordo total e imediato no Prémio de Poesia. Um dos membros do júri de Poesia resolveu por isso mostrar a razão desse acordo e leu o poema em voz alta. E parece que a ninguém mais restaram dúvidas.
“Como dois membros desse júri dirigiam também a página de Artes e Letras do semanário «A Voz de Moçambique», decidiram publicar lá, no número 303, de 25 de Janeiro de 1969, o poema premiado. A ideia escondida era estabelecer, por essa forma, contacto com o misterioso poeta laureado. Pensava-se que ele escrevesse para a V. M., que para lá mandasse, eventualmente, outros poemas… Nada aconteceu. João Pedro Grabato Dias não foi sequer (até hoje!) levantar o montante do Prémio à Câmara Municipal de Lourenço Marques.
“Por fim, há poucas semanas, apareceu ao signatário, com um punhado de sonetos que hoje se publicam. Deixemos de lado o choque por nós sofrido ao vermos finalmente o rosto do cidadão João Pedro Grabato Dias. Por uma vez, o personagem correspondia ao texto e «o homem que a obra faz supor» era igual «ao homem que fez a obra»… (…)”. [Eugénio Lisboa].
Edição de provável limitada tiragem, do autor, distinguido com o 1.º Prémio Reinaldo Ferreira – 1968, da Câmara Municipal de Lourenço Marques.
Capa da brochura de António Quadros, pintor e poeta português natural de Viseu que viveu em Moçambique entre 1964 e 1984 e nos deixou a sua Obra poética assinada sob os heterónimos João Pedro Grabato Dias, Ioannes Garabatus e Mutimati Barnabé João.