CARVALHO (António Lobo de).— SE A LIRAS PULSAS E O PANDEIRO TOCAS… [Edição & etc produzida por Publicações Culturais Engrenagem Lda. Lisboa. 1984]. In-8.º quadrado. de 25-III págs. B.
“Nasceu na cidade de Guimarães, contas por alto em 1700 e tal. provavelmente 30. O bacharelato em Direito ma Universidade de Coimbra (que lhe foi insistentemente atribuído) não encontra certezas capazes de o firmar como dado biográfico garantido […]. Certos ficam os seus anos do Porto para onde fugiu, descido da terra natal depois de algum agravo que o comércio das Musas lhe teria dado. E do Porto a sua vinda para Lisboa, que a este Lobo de Carvalho chamará na rua, e pela boca do povo, ‘O Lobo da Madragoa’, ou então ‘Pasquim Vivente’ pela alcunha que lhe colocou um advogado famoso desses tempos, referindo a sua veia para a crónica versificada e a sátira pronta.
“Os muitos anos da capital há-de passá-los sem ocupação definida, a correr serões e locutórios de freiras, parasita de fidalgos e de mesas a cuja roda era benvindo pela graça do talento, temido e adulado pelo susto de cair na inspiração certeira da sua lira. […].
“António Lobo de Carvalho surgiu publicado a medo numa colectânea poética de 1789, e também a medo numa outra de 1812. Em 1852 encontrou porém, o seu editor clandestino de Cádis, para despistar Lisboa /que Teófilo Braga reconhece, porém, como Inocêncio F. da Silva), que reúne os 200 sonetos e as 10 décimas (até hoje dados como sua obra completa) num volume de Poesias Joviais e Satíricas.
“O ‘Lobo da Madragoa’ fica como fica: senhor de uma atitude crítica que soube desenvencilhar-se, não raro, com apreciável capacidade verbal. Para o lirismo negro português parece muito, e logo abaixo de Bocage.
“’Se a Lira Pulsas e o Pandeiro tocas…’ é uma escolha tendenciosa, a mais fescina que pôde extrair-se àquela colecção” [’in’ Nota introdutória de Aníbal Fernandes].
Volume integrado na apreciada colecção «Contramargem» dada ao prelo pelas edições «& etc.»