SANTA ROSA (Bernardino de).— THEATRO // DO // MUNDO // VISIVEL, // ‘Filosofico, Mathematico, Geografico, Polemico, Historico, // Politico, è Critico’, // OU // COLLOQUIOS VARIOS // Em todo o genero de materias, em os quaes se representa á formosura do Uni- // verso, e se impugnaõ muytos discursos do Sapientissimo Fr. Bento // Jeronymo Feijó: // Ditados a hum seo particular amigo, // Pelo M. R. P. M. // Fr. BERNARDINO DE SANTA ROZA // Doutor na Sagrada Theologia, Consultor do Santo Officio, Lente de Vespora, // do Real Collegio de Santo Thomás de Coimbra, da Ordem dos Prega- // dores, e natural da Illustre Villa de Guimaraens. // Dádo á Luz pelo // R. JOZE’ SOARES DA AFFONCECA CARDOTE, // Reitor do Mosteiro de S. Martinho de Sande, do Arcebispado de Braga, e Irmaõ // do Author. // ‘OFFERECIDO’ // AO ILLUSTRISSIMO, E REVERENDISSIMO SENHOR // BENTO PAES DO AMARAL, // Presidente no Tribunal sa Santa Inquisiçaõ de Coimbra, Mestre-Escola da // Santa Sè de Vizeu, do Concelho Geral do Sancto Officio, e do de // Sua Magestade, &c. // COIMBRA: // —— // Na Officina de LUIS SECO FERREYRA, Anno do SENHOR de 1743. // ‘Com todas as Licenças necessarias. // Impresso a custa de Luis Seco Ferreyra, Famaliar [sic] do S. Officio, e mercador // de Livros. In-8.º de XLVIII-413-[I]-VIII págs. E.
A propósito deste livro publicou Camilo Castelo Branco um artigo ou ‘Folhetim Scientifico’ no ‘Diário de Notícias’, mais tarde integrado em «Cousas Leves e Pesadas», cujo argumento transcrevemos: “Se o mundo foi creado no outono ou na primavera. Se foi creado á terça feira ou ao domingo. Se os paizes de Ophir e Tharsus foram no Minho. Prova-se que sim. Diz-se d’onde vieram para o Minho elephantes e outros bichos. Se existem antipodas, gigantes femeas e pigmeus. Se os delphins amam as delphinas, e porque. Dá-se a razão de existir o unicornio, e do prazer que elle sente em dormir no regaço das donzellas, e do mais que no folhetim se disser.” concluindo Camilo o seu ‘Folheim Scientífico’ com as seguintes palavras: “Mas o livro! Quem tem este livro? É cousa tão rara que até o meu amigo Innocêncio Francisco da Silva o desconhece. Chama-se ‘Theatro do mundo visivel’. Encolher-se o restante do titulo seria um defraudar-lhe a substancia: além de ‘visivel’ este theatro do padre é ‘philosophico, mathematico, geographico, polemico, historico, politico, e critico’. É impresso, em 1743. Tem 413 pag. in-4.º g. afóra um romance em verso de Francisco Rebello da Cunha, consagrado ao padre.
“Que parelha os dous! que lumieiras! (…)
“Agora, leitores, cubramos a cara com as mãos, se a nossa vergonha nacional não fugiu para os delphins do padre Bernardino de Santa Rosa, e ponderemos que estas cousas se passavam e escreviam em Portugal, ao mesmo tempo que em França viam a luz do mundo, e faziam a luz do entendimento o ‘Tractado dos estudos’ de Rolin, as ‘Cartas philosophicas’ de Voltaire, e o ‘Systema da natureza’ de Lineu!
“Ó reis! ó frades! ó inquisição! Ó lentes da universidade de Coimbra! Ó padre Bernardino!…”.
Consultando o ‘Diccionário Bibliographico Portuguez” de Inocêncio, verificamos a inclusão desta obra no vol. VIII, com menção da obra e do autor, “Dominicano, em cuja ordem professou a 8 de Septembro de 1723, Foi Doutor em Theologia pela Universidade de Coimbra, Qualificador do Sancto Officio, e Reitor do Collegio de Sancto Thomás, etc. — N. na villa (hoje cidade) de Guimarães a 15 de Agosto de 1707 (…)”.
Com um corte na folha de frontispício (cremos que feito para remoção de uma assinatura) restaurado há vários anos, com papel antigo. Encadernação da época, com alguns defeitos.