FORTES (Manuel de Azevedo).— TRATADO // DO MODO O MAIS FACIL, // e o mais exacto de fazer // AS CARTAS // GEOGRAFICAS, // ASSIM DA TERRA, COMO DO MAR, E TIRAR // as plantas das Praças, Cidades, e edificios com // instrumentos, e sem instrumentos, // ‘PARA SERVIR DE INSTRUCC,AM // à fabrica das Cartas Geograficas da Histo- // ria Ecclesiastica, e Secular de Portugal.’ // TIRADO DOS MELHORES AUTHORES, // ‘E COMPOSTO POR’ // […] // ACADEMICO DA ACADEMIA REAL DA // Historia, Cavalleiro professo na Ordem de Christo, // Brigadeiro de Infantaria dos Exercitos de Sua // Magestade, que Deos guarde, e Engenheiro // môr do Reyno. // LISBOA OCCIDENTAL, // Na Officina de PASCOAL DA SYLVA // Impressor de Sua Magestade. 1722. // ———— // ‘Com todas as licenças necessarias’. In-8º peq. de XXXII_200 págs. E.
Obra não registada entre as que constam do mesmo autor no «Dicionário Bibliográfico Português» de Inocêncio onde se diz que foi “Cavalleiro da Ordem de Christo, Sargento-môr de batalha, e Engenheiro-mór do reino; Academico da Academia Real da historia, etc. — N. em Lisboa no anno de 1660; e fez os seus estudos nas Universidades de Hespanha e França, onde adquiriu amplos conhecimentos não só nas sciencias exactas e naturaes, mas até na theologia. […]. Para a sua biographia vej. o ‘Elogio historico’ [aliás Fúnebre], por José Gomes da Cruz.”.
Da sua importante Obra impressa, recordamos o primeiro tratado português de Engenharia Militar [O Engenheiro Português, 1728], apontada por Inocêncio como "Obra magistral, bem escripta e coordenada, e que formava um tractado de fortificação e de ataque e defensa de praças, tão completo como os melhores que até áquelle tempo haviam publicado nos paizes mais cultos da Europa."
Manuel de Azevedo Fortes, destacado engenheiro e militar portugês cuja sólida formação técnica alcançada na Europa lhe proporcionou a cadeira de Matemática na Academia Militar da Fortificação Portuguesa e o cargo de engenheiro-mor do Reino, foi académico da Academia Real da História.
Recorda F. A. Martins de Carvalho no «Dicionário Bibliográfico Militar Português» que “Sendo muito moço passara à França e Itália, para aí se instruir em diversas ciências em que se tornou tão distinto que chegou a ser professor da Universidade de Siena. […]”.
Da Dedicatória a D. João V: “He esta obra pequena no volume, e menor pelo curto engenho do seu Author; mas he grande pela sua materia, e ainda serà mayor nos seus effeytos.
“He grande pela sua materia, porque esta comprehende toda a redondeza da terra, mostrando a situaçaõ dos Reynos, Provincias, Cidades, Villas, e lugares: naõ deyxando de attender à correspondencia, que as partes da terra tem com os circulos Celestes grandes, e pequenos, com as Zonas, partes Orientaes, Occidentaes, Septentrionaes, e Meridionaes.
“Ainda serà esta pequena obra mayor nos seus effeytos; pois na Historia da qual a Geografia he parte integrante, mostra os lugares, em que acontecéraõ os succeßos memoraveis, e se obràraõ as acçoens heroicas, nas quaes fazendo o entendimento reflexaõ, colhe da mesma Historia como frutos os mais importantes preceitos para a paz, e para a guerra, para o governo Politico, e Militar. […]
“Deste importante conhecimento dependem as vitorias, e os triunfos: sem elle ninguem pòde exercitar bem a arte Militar, a qual naõ só dà, e tira Imperios, mas tambem a vida, que muytos tem perdido pela sua ignorancia. […]
“Agora no felicissimo reynado de Vossa Magestade com a instituiçaõ da Academia Real da Historia, e das Academias Militares, que se esperaõ brevemente erigidas pelo Real, e generozo animo de Vossa Magestade, se animaràõ os corações dos seus vassallos a tentarem mayores emprezas, e se illustraràõ os engenhos Portuguezes de forte, que possaõ penetrar nas mesmas Artes, e Sciencias os seus mais profundos, e difficultosos segredos. […]”.
Capítulos: I. Do Petipè, e das mais cousas necessarias para fazer as plantas, ou as Cartas Geograficas; II. Do Circulodimensorio, e do seu uso para tirar plantas, ou Cartas; III. Do Instrumento chamado Prancheta; IV. Da Prancheta circular moderna; V. Da Bussola, ou agulha de marcar; VI. Do modo com que se deve dar principio à Carta Geografica de hũa Provincia, ou Bispado; VII. Do modo de fazer as plantas sem instrumentos; VIII. Das cautelas, com que se devem tirar as plantas das Praças, e paiz inimigo; IX. Do modo, com que se haõ de tirar as Cartas dos portos, e costas maritimas.
No final deste interessante livro com um APPENDIX intitulado «Do modo de tirar as figuras das Praças, edificios, ou de outros quaesquer objectos em planta para o borrador, ou em perspectiva [I. Desenhar huma perspectiva pela quadricula; II. Tirar huma perspectiva a olho, e sem quadricula; Receita da aguada de Rios].
Edição ilustrada com sete gravuras abertas em chapa de cobre.
Encadernação em carneira, da época, restaurada. Com ligeiros restauros de papel na folha de rosto e a estampa 4, remarginada.
Com falta da folha 55/56, neste exemplar substituída por uma fotocópia.