TROVADOR. Collecção de poesias contemporaneas, redigida por uma Sociedade d’Academicos. Coimbra; Na Imprensa de E. Trovão, 1848. In-4.º peq. de VIII-400 págs. E.
Primeira e bastante rara colectânea desta estimada publicação periódica, iniciada em 1844 e terminada em 1848. Foi seu editor e principal colaborador A. X. Rodrigues Cordeiro, acompanhado de João de Lemos, Serpa Pimentel, Gonçalves Dias, Fernando Palha, João de Azevedo, L. A. Palmeirim, L. da Silva Mouzinho de Albuquerque e outros.
“ (…) exemplo típico do «jornal de versos» ou «folhas de poesia» oitocentistas, dos quais constitui a matriz em Portugal, estabelecendo e popularizando um modelo de sucesso, reproduzido, na década seguinte, n’’O Novo Trovador, O Bardo, A Grinalda’, etc. Órgão da juventude estudantil coimbrã da década de 40, terá sido António Xavier Rodrigues Cordeiro quem, segundo Inocêncio, «fundou e levou a cabo a publicação» […], e quem depois editou as duas colectâneas em volume, embora o mesmo R. Cordeiro atribua a João de Lemos a capacidade aglutinadora de que surgiu a iniciativa. […]”. É Lemos quem assina o editorial programático, o poema «Invocação», uma das muitas poéticas implícitas típicas da produção romântica: o «juvenil» «Trovador» pede ao «arcanjo da poesia» a «inspiração» para um cantar novo, que se confunda com as vozes da natureza, as brisas da floresta e os ventos da «penha alcantilada», uma poesia reveladora de todos os segredos «da terra, ou do mar, do céu, do inferno!». (…).
“Garrett está, por seu turno, representado no n.º 10 (p. 151), embora oculte a assinatura sob dois asteriscos. Trata-se de «No princípio dum álbum», que o autor incluirá mais tarde como poema VI no Livro Primeiro de ‘Folhas Caídas’, com o título «O Álbum», exemplo de um dos subgéneros mais comuns na tipologia da lírica romântica, abundantemente representado na revista. [’in’ Dicionário do Romantismo Português, coordenado por Helena Carvalhão Buescu].
Encadernação da época, com a lombada decorada com belos ferros românticos gravados a ouro, tendo na pasta da frente, também a ouro, gravadas as iniciais J. M. S. Na lombada com vestígios de bicho que não comprometem a sua solidez.