MACEDO (José Agostinho de).— A VERDADE, OU PENSAMENTOS FILOSOFICOS Sobre os objectos mais importantes á Religião, e ao Estado. Por… Lisboa: Na Impressão Regia. Anno 1814. In-8.º peq. de VI-173-V págs. Desenc.
Com esta Obra procurou o autor refutar as doutrinas metafísicas e teologicas dos Enciclopedistas.
Acerca da verdadeira paternidade desta Obra e de outras de carácter filosófico assinados por Agostinho de Macedo [A Verdade…’, de 1814, ‘O Homem…’, de 1815, e ainda a ‘Demonstração…’, de 1816] diz Innocêncio, corroborado mais tarde por A. Mega Ferreira na biografia «Macedo – Uma biografia da Infâmia», duvidar da sua verdadeira paternidade: “(…) obras que, se não são sufficientes para collocal-o na classe dos grandes metaphysicos e ideologistas do seculo actual, também não devem por certo reputar-se tão dispiciendas como alguem tem pretendido inculcar; e aqui as apontamos principalmente para fazer sentir a insolita facilidade com que José Agostinho passava da litteratura amena, (…) para a exposição das abstrusas e intrincadas doctrinas da Ontologia e da Psychologia. E o certo é que não achou entre tantos seus emulos e adversarios, quantos contava ao tempo d’aquellas publicações, quem tomasse a peito censurar ou analysar algum dos referidos escriptos, cujos assumptos ficavam em verdade mui fora do alcance de Moniz, Couto e dos mais que parece haverem feito proposito de não deixar escapar obra de José Agostinho sem que lhes atravessassem (como ele diz) com suas criticas e pedanterias. Ha todavia quem pense (talvez com plausivel fundamento) que a ‘Demonstração da existencia de Deus’, mais parece, tanto pelo estylo, como pela fórma e deducção dos argumentos, obra do famoso arcebispo de Evora D. Fr. Manuel de Cenaculo (fallecido em 1814) que de José Agostinho. (…) Só lembramos que não é impossivel que José Agostinho houvesse á mão aquelle manuscripto, talvez roubado ao Arcebispo (com quem elle proprio teve trato por algum tempo) e que apoz o fallecimento d’esta se persuadisse de que podia sem receio dar como sua aquella composição, modificada ou alterada em alguns logares, e que a apresentasse na fórma em que a vemos. Repetimos todavia que não queremos nem pretendemos, que isto valha senão como simples conjectura.”
Primeira edição.