ANDRADE (Jacinto Freire de).—VIDA DE D. JOÃO DE CASTRO, QUARTO VISO-REI DA INDIA. Nova Edição. Lisboa. Typographia Rollandiana. 1861. In-8. de 341-II págs. B.
Obra de grande interesse para o estudo da presença portuguesa na costa da Índia.
Na íntegra, transcrevemos o «Prólogo do Autor»: “São os Prologos hum anticipado remedio aos achaques dos Livros, porque andão sempre de companhia os erros, e as desculpas. Eu por hora me desvio do caminho trilhado, não quero pedir perdão de nada: quem achar que dizer, não me perdoe, (nem será necessario encommendallo.) Se me notarem o livro roim, não negarão que he breve, e escrito em lingua Portugueza, que tantos engenhos modernos, ou temem, ou desprezão, como filhos ingratos ao primeiro leite, servindo-se de vozes estrangeiras, por onde passárão como hospedes, sem respeito áquellas veneraveis cãs, e ancianidade madura de nossa linguagem antiga. Escrevi esta Historia com verdade de memorias fieis, sem que a penna, ou o affecto alterasse o menor accidente. Antes que este papel sahisse dos borrões, sei que muitos o taxárão de escasso, dizendo, que houvéra de dilatar a Historia com allusões, e passos da Escritura, que fizessem mais crecido volume; estes comprão os Livros pelo pezo, não pelo feitio: de mais que não permittem tão licenciosa penna as leis da Historia. Outros querião que me valesse do estrepito de vozes novas, a que chamão Cultura, deixando a estrada limpa, por caminhos fragosos, e trocando com estimação pueril, o que he melhor, pelo que mais se usa. Mas como não determinei lisongear a gostos estragados, quiz antes com a singileza da verdade servir ao applauso dos melhores, que á fama popular, e errada.”
Segundo o P. Francisco José Freire nas suas conhecidas ‘Reflexões sobre a lingua portugueza”, Jacinto Freire de Andrade: “Tem por sua purissima locução um logar distincto entre os classicos da nossa lingua. A sua ‘Vida de D. João de Castro’ é um perfeito modêlo da força, gravidade, e energia da legitima lingua portugueza.”
Edição ilustrada com um retrato de D. João de Castro, uma representação da Cruz de S. Tomás de Meliapor, um retrato de Coge Cofar e, em folha desdobrável, a fortaleza de Diu, encimada com o retrato de D. João de Mascarenhas.
Conserva uma capa da brochura não impressa; cremos que nunca publicada.