LISBOA (António Maria) & OOM (Pedro) & PEREIRA (Henrique Risques) & VASCONCELOS (Mário Cesariny de).— A AFIXAÇÃO PROIBIDA. […]. [Contraponto. Composto e Impresso na Imprensa Libânio da Silva. Lisboa. 1953]. In-4.º de VIII págs. inums, e VI ff. impressas à parte. B.
Publicação das edições ‘Contraponto’, dada à imprensa sob orientação gráfica de Paulo Guilherme.
Edição constituída pelo texto colectivo ‘A AFIXAÇÃO PROIBIDA’, seguido de VI ff. impressas à parte em papel mais encorpado que reproduzem um desenho de Artur Cruzeiro Seixas e textos de Henrique Risques Pereira [Um Gato Partiu à Aventura]; Carlos Eurico da Costa [Palaguín]; Pedro Oom [Mãototem]; António Maria Lisboa [As Cinco Letras em Vidro]; Mario de Cesariny de Vasconcelos [Concreção de Saturno].
“(…) Este texto foi a primeira declaração colectiva dos poetas surrealistas portugueses, fruto de uma atitude comum, que mais tarde, por desagregação, resultou em destinos pessoais: CARLOS EURICO DA COSTA — jornalista. Renegou a sua obra.; HENRIQUE RISQUES PEREIRA — estudante de engenharia. Renegou a sua obra.; FERNANDO ALVES DOS SANTOS — empregado no comércio. Nunca se soube de nada.; PEDRO OOM — empregado na estatística. Dez pratos de sopa por refeição. Renegou a sua obra.; MARIO HENRIQUE LEIRIA — caixeiro de praça. Fez uma obra à pressa para a renegar.; ARTUR DO CRUZEIRO SEIXAS — ausente em África.; ANTÓNIO MARIA LISBOA — publicou «Erro Próprio», «Ossóptico» e «Isso Ontem Único». Pensa publicar: «Máquina de Guerra», «O Senhor Cágado e o Menino» e «A Infância da Noite».; MARIO CESARINY DE VASCONCELOS — publicou «Corpo Visível», «Discurso sobre a reabilitação do real quotidiano» e «Louvor e Simplificação de Álvaro de Campos». Vai publicar: «Um Canto Telegráfico», «Alguns Mitos Maiores Alguns Mitos Menores Propostos à Circulação Pelo Autor» e «Titânia, história hermética».” [transcrito das badanas da capa da brochura].
Tiragem de restrito números de exemplares, numerada, sendo este marcado “Exemplar n.º 87”.
Acompanha este exemplar uma raríssima folha policopiada de “APENDICE”, assinada pelo punho de Luiz Pacheco, datada ‘Lisboa, 8 de Setembro de 1953, aqui ou em qualquer parte”’ da qual transcrevemos parcialmente: “A BEM DA VERDADE deve dizer-se que os srs, CARLOS EURICO DA COSTA, HENRIQUE RISQUES PEREIRA, FERNANDO ALVES DOS SANTOS, PEDRO OOM, MÁRIO HENRIQUE LEIRIA e ARTUR DO CRUZEIRO SEIXAS (este ausente em África) não tomaram conhecimento prévio do texto histórico que acompanha nas lombadas [badanas] “A AFIXAÇÃO PROIBIDA” (o que aliás foi vulgar nos anteriores manifestos colectivos surrealistas).
“O dito texto é totalmente da autoria dos sns. ANTÓNIO MARIA LISBOA e MÁRIO CESARINY DE VASCONCELOS, conforme originais manuscritos em poder da tipografia (…). Se os srs Costa, Pereira, Santos, Oom, Leiria renegaram ou não a sua obra deles, se tinham obra para renegar, se comem sopa ou comem bifes, isso é lá com eles e com quem sabe ou parece saber tanto das suas vidas. O organizador da presente edição d’ “A Afixação Proibida”, sr, Luiz Pacheco, nada tem a ver com tais temas, nunca se disse surrealista (e preza a deus que nunca seja) (…)”.
Capa da brochura manchada por acção da luz solar, com falta da respectiva lombada.