LIMA (Veva de).— D’AQUEM & D’ALEM-MAR. Chronicas de Viagem (1923-1924). Imprensa Libanio da Silva. Lisboa. [1928]. In-8º gr. de 320-IV págs. E.
Crónicas pela primeira vez impressas nas páginas do «Correio da Manhã», recebidas com muita polémica e controvérsia, provocando o insulto acirrado da autora, pelas cartas que recebeu dos seus leitores.
A presente edição vem acompanhada de quatro dessas cartas que a autora define de “theor pittorescoo, desde o remoqué até á ameaça”, transcrevemos a seguinte:
“Exm.ª Sr.ª D. Veva de Lima,
“Faria muito melhor se estivesse quiéta; teria muito mais juizo estivesse caláda. Os seus artigos sobre Africa são uma série de desconchavos. As suas apreciações sobre assumptos, que o seu sexo não aprehende e que o seu cérebro de mulher e de «thalassinha» não atinge, mereciam applicar-lhe uma duia de açoites e mandal-a depois de castigo para uma escola de instrucção primária aprender gramática portugueza. (Carta anonyma com lettra d’homem)”.
“ (…) Genoveva de Lima Mayer Ulrich, natural de Lisboa. Filha de Carlos Mayer, que fez parte do grupo dos «Vencidos da Vida» e mulher do professor Rui Enes Ulrich. Acompanhou seu marido das duas vezes que ele esteve embaixador, em Londres. (1931 a 1936, e 1950 a 1953). Neste último período, orientou artisticamente a remodelação do palácio da nossa Embaixada. Era um espírito requintado e culto, com fina sensibilidde artística. Publicou: ‘Fantaisie de Printemps’, comédia (1917); ‘Arte, Elegância, Bom Gosto’, conferência (1917); ‘A Borboleta’, drama, em quatro actos (1918); ‘Tríptico Ogival’ , três autos: 1.º ‘Florilinda’, ‘Ryreal e Dulcineta’; 2.º, ‘A Luz de Um Vitral’; 3.º, ‘Milagre’ (1918); ‘O Último Lampadário’ (1928); ‘Alienópolis’, teatro (1938); ‘Tetralogia Trágica’ , conferência (1938); ‘Os Vencidos da vida’, conferência (1938); ‘Hipótese e Conjectura’, ensaio (1940); ‘Os Amoralistas’, ensaio (1941); ‘B, A, BA — Fugiu a Burra’, ensaio contra a reforma ortográfica (1941); ‘Impressões da América’, conferência (1942); ‘O Único Vencido da Vida Que também o Foi da Morte’, biografia comovente de seu pai (1945). Notabilizou-se como declamadora. Tem dispersa colaboração por jornais e revistas: ‘Correio da Manhã’; ‘Diário de Notícias’; ‘O Dia’; ‘A Época’; ‘A Voz’; ‘O Século’, etc. Era coleccionadora de importantes e raras obras de arte e animou a vida espiritual portuguesa, estimulando artistas plásticos, poetas e prossadores. Foi entusiástica animadora de numerosas festas e movimentos de caridade, em prol dos sinistrados do Ribatejo, em benefício do Hospital de Ávila (Espanha), por ocasião da guerra civil naquele país, etc.” «in Dicionário de Mulheres Célebres, Américo Lopes de Oliveira».
Encadernação de recente manufactura, com a lombada em material sintético. Conserva as capa da brochura, espelhadas e com grosseiros restauros marginais.
VALORIZADO COM EXTENSA DEDICATÓRIA DA AUTORA: “Ao meu querido João Vicente e à querida Melita (para os quaes estas páginas parécem conter ironia perante o seu desterro) — com a maxima ternura e a immensa fé em que a Africa, grata ao seu sacrificio, lhes traga um dia a grande recompensa e os prémios de que tem fartura, para aquelles que se lhe dedicam”.