VEIGA (Sebastião Filipes Martins Estacio da).— MEMORIA DAS ANTIGUIDADES DE MÉRTOLA, observadas em 1877 e relatadas por… Lisboa. Imprensa Nacional. 1880. In-8.º gr. de [II]-II-189-III-[II] págs. B.
Obra de referência da bibliografia algarvia, documentada com um planta topográfica de Mértola em folha desdobrável e várias ilustrações nas páginas do texto.
“Notaveis ruinas de antigos edificios, de que não havia noção escripta, nem tradição oral, ficaram parcialmente visiveis em varios pontos marginaes do rio Guadiana, pertencentes a Mertola e ao Algarve, após a impetuosa passagem das torrentes pluviaes do inverno de 1876.
“No concelho de mertola citava-se com recommendada particularidade o Barranco do Azeite, em que estavam patentes alguns restos de construcções arrasadas, e a Cêrca de S. Sebastião, onde se reconhecia ter havido um campo mortuario de feição assás singular.
“No concelho de Alcoutim indicava-se o Montinho das Larangeiras, como séde de umas ruinas nunca vistas, e o sitio do Alamo, onde fôra achado o torso de uma estatua colossal varonil de marmore granular branco.
“Ao mesmo tempo corria noticia de terem apparecido na quinta das Antas, (…) distante de Tavira para mais de 6 kilometros, umas arcarias subterraneas, e uns monumentos epigraphicos, que denunciavam ter ali havido um circo.
“Antecedentemente já eu tinha feito conhecer varios monumentos da quinta da Torre d’Ares, contigua à das Antas para NE., com os quaes havia comprovado a verdadeira situação dos ‘Povos Balsenses’; sabia-se que da quinta de Marim, a ENE. de Olhão, tinham vindo para a academia real de belas artes de Lisboa tres monumentos, descobertos e offerecidos pelo seu generoso proprietario, e que na quinta do Milreu, junto a Estoi, e n’outros muitos logares do Algarve existiam importantissimas antiguidades, reclamando havia muito tempo um estudo especial.
“Este conjuncto de bem averiguadas noticias não podia ser votado aos esquecimento, havendo n’este paiz uma imprensa vigilante e illustrada e um governo zeloso pelo progresso das sciencias e da instrucção publica, presidido pelo distincto estadista o sr. Antonio Maria de Fontes Pereira de Mello, sendo decano dos publicistas portuguezes o sr. Antonio Rodrigues Sampaio.
“Constando então que havia alguns annos me occupava do estudo das antiguidades monumentaes do Algarve e que já tinha esboçados os delineamentos principaes de uma ‘carta archeologica’ d’aquella provincia, fui convidadi (…) a apresentar este trabalho (…)”.
Embora desconjuntado, conserva as capas da brochura.