PINTO (Álvaro).— REBELDIAS N.º 1 — maio de 1908 [e N-º 2 — Junho de 1908]. Composto e impresso na = TYP. BOA UNIÃO = Rua dos Caldeireiros, 133. Director e Proprietário… Redacção e administração – Rua das Virtudes, 24 – Porto. 2 opúsculos. B.
Publicação de grande raridade, não referida por A. Ribeiro dos Santos na «História Literária do Porto através das suas publicações periódicas», nem constante na sua preciosa biblioteca, por nós leiloada em 2007. Daniel Pires, também não regista este raro espécime bibliográfico no «Dicionário da Imprensa Periódica Literária Portuguesa do Século XX».
Sobre Álvaro Pinto diz H. Perdigão no «Dicionário Universal de Literatura»: “Jornalista e escritor português n. em Barca de Alva. (…) Datam de 1904 os primeiros artigos de sua autoria, que aparecem na Semana Azul, e em 1907 fundava e dirigia com Jaime Cortesão e Leonardo Coimbra a revista Nova Silva, dirigindo 2 anos depois, no Pôrto, o semanário A Vida.
“Daí por diante outras revistas — e tôdas mais ou menos de larga projecção no movimento literário do tempo — vem a fundar e dirigir, tais como: A Águia (1-12-20) [aliás 1910] cuja 1.ª série, sob a sua direcção, totalizou 10 números; a Renascença Portuguesa, que, com outros, ajudou a fundar em 1912 e administrou até 1921 (continuando nesse período a 2.ª série da Águia, de que saíram mais 120 fascículos) e a Vida Portuguesa (1913), quinzenário que com Jaime Cortesão igualmente fêz aparecer.
“Em 1919 é nomeado chefe dos serviços administrativos da Biblioteca Nacional de Lisboa e agraciado por essa ocasião com o oficialato de Sant’Iago.
“Em 1920 uma nova fase se inicia na sua carreira, por assim dizer, luso-brasileira. Partindo para o Brasil em 1920, ali fundou pouco depois com António Sérgio a casa editora Anário do Brasil (…)”.
Do texto de abertura do número inaugural transcrevemos: “Rebeldias — serão as minhas impressões: — boas ou más, estupidas ou idiotas, mas independentes e francas. Verão a luz quando quizerem brotar e caminharão por onde lhes parecer. Não lhes arbitro prasos, nem lhes imponho esphera de acção.(…)”.
Segue este opúsculo com um texto, intitulado ‘Os amigos do A. B. C.’, dedicado ‘A Jayme Cortezão e Leonardo de Coimbra’ (como se fez nota acima, também eles fundadores da revista ‘Nova Silva’ em 1907), onde Alvaro Pinto justifica: “Não tive ensejo completamente opportuno de vos explicar os motivos que me levaram a não aceitar o vosso convite para unir-me aos amigos do A. B. C. e as razões por que, systematicamente, me tenho afastado de tudo quanto lhes diga respeito. Considerei, porém, este instante, ocasião opportuna para tal, e d’ahi o dizervos agora de minha justiça. (…)”.
Capa da brochura ilustrada com um desenho que representa um homem recentemente liberto de correntes que o aprisionaram, com um facho de fogo na mão direita que o ilumina. À margem do desenho com a palavra LIBERTAS.