[SANTOS (Luís Gonçalves dos) (Padre Perereca)].— ANTIDOTO SALUTIFERO // CONTRA // O DESPERTADOR CONSTITUCIONAL // EXTRANUMERARIO N.º 3. // DIVIDIDO EM SETE CARTAS DIRIGIDAS AO AUCTOR // D’AQUELLE FOLHETO IMPIO, REVOLUCIO- // NARIO, E EXECRAVEL. // PA RA BENEFICIO // DA MOCIDADE BRASILEIRA, ESPECIALMENTE // DA FLUMINENSE, // POR HUM SEU PATRICIO FIEL AOS DEVERES, // QUE LHE IMPÕE // A RELIGIÃO, E O IMPERIO. // (…) // IMPRESSA NO RIO DE JANEIRO // [gravura com as armas de Portugal] // LISBOA: // NA IMPRESSÃO REGIA. ANNO 1827. ‘Com Licença’. In-4.º de 166 págs. [no mesmo volume]:
——— EXORCISMOS // CONTRA // OS INCURSOS MAÇONICOS, // OU // CONTINUAÇÃO DAS CARTAS // DO QUE VÊ, E NÃO OUVE // EM RESPOSTA // À APOLOGIA DA RELIGIÃO, E DO IMPERIO // PELO // DESPERTADOR CONSTITUCIONAL: // DEDICADOS // AOS AMANTES DA RELIGIÃO, E DO IMPERIO // PARA BENEFICIO // DA MOCIDADE BRASILEIRA. // (…) // IMPRESSO NO RIO DE JANEIRO EM 1826. // [gravura com as armas de Portugal] // LISBOA: // NA IMPRESSÃO REGIA. ANNO 1827. // ‘Com Licença’. In-4.º de 147-I págs. E.
Conjunto particularmente raro quando completo, de grande interesse para a história da ‘Independência do Brasil’ e dos primórdios do debate anti-maçónico ultramontano.
Volume constituído por duas publicações independentes (embora complementares), com distintos frontispícios conforme descrito acima: O ‘Antídoto Salutífero’, pela primeira vez publicado no Rio de Janeiro em 1825, é composto por 7 cartas datadas ‘Quinta do Corcovado’ entre 15 de Abril de 1825 e 5 de Maio do mesmo ano, período que antecede o ‘Tratado Luso-Brasileiro’, firmado a 29 de Agosto de 1825 e que formalmente pôs termo à ’Guerra da Independência’; no final, de págs. 141 a 166, com a reprodução do n.º 3 do ‘Despertador Constitucional’ de Domingos Alves Branco Muniz Barreto.
O segundo volume, intitulado ‘Exorcismos contra os incursos maçónicos’, conforme justifica o autor, é continuação do primeiro: “Depois de mais de seis mezes de huma supposta tranquilidade entre mim, e V. S., eis que o meu Giboso me apparece muito contente no dia 10 do mez de Janeiro, e me apresentou a 1.ª Parte da sua intitulada Apologia…. (…)”. Compreende este segundo volume mais 5 cartas assinadas com mesmo pseudónimo, também datadas ‘Quinta do Corcovado’, mas entre 22 de Janeiro de 1826 e 8 de Março do mesmo ano, redigidas logo após o acima referido reconhecimento da ‘Independência do Brasil’.
Lê-se no «Diccionario Bibliographico Brazileiro» de Sacramento Blake que o ‘Antídoto Salutífero’, é constituído por uma série de cartas [assinadas sob o pseudónimo ‘Mais vale tarde, que nunca’], “combatendo a maçonaria, não só com argumento e com anathemas, mas tambem com motejos." Sobre o autor diz ainda o mesmo bibliógrafo que: “(…) nasceu na cidade do Rio de Janeiro (…) sendo presbytero do habito de S. Pedro, conego da capella imperial, cavalleiro da ordem de Christo, socio honorario do Instituto historico e geographico brazileiro e da Academia real das sciencias de Lisboa. Era versado nas sciencias theologicas e nas philosophicas, nas linguas Latina, ingleza, grega, franceza, italiana e hespanhola, e tinha algumas noções da hebraica, sendo taes sua applicação e intelligencia nas aulas, quando estudava, que foi mandado muitas vezes pelo professor de rhetorica, o grande Manoel Ignacio de Alvarenga, expôr da cadeira aos seus condiscipulos as doutrinas de Quintiliano, e foi incumbido de varios panegyricos onde a arte rivalisou com a natureza, como disse o conego dr. Fernandes Pinheiro. (…) foi convidado pelo ex-professor de latim, Jorge Furtado de Mendonça, para ser o sustituto de sua aula, e pouco depois foi, pelo diocesano, nomeado lente dessa materia no seminario da Lapa (…). Sustentou luta na imprensa em favor do Brasil n’uma época em que era perigoso pugnar por seus direitos; cooperou com sua penna para nossa independencia escrevendo no ‘Reverbero’ em 1821, mas ainda assim, foi, com outros patriotas notaveis, accusado de ser inimigo da emancipação patria e acerrimo absolutista. (…)”
J. C. Rodrigues, no ‘Catálogo anotado dos livros sobre o Brasil [Bibliotheca Brasiliense]’ regista a edição do Rio de Janeiro de 1825 com o seguinte comentário: “É uma verrina contra a Maçonaria que, allega o autor, destinava o Brasil “a uma republica confederada, e quem sabe se de Atheos, sem religião dominante, sem altar e sem sacrificio… e a final a vir a ser presa de algum aventureiro Iturbide, Bolivar ou Napoleão”. Oppõe-se igualmente o autor a “tornar á terra da escravidão” das Cortes portuguezas. Não mencionado por ‘Innocêncio’.”
No «Dicionário de Autores no Brasil Colonial», Palmira M. Rocha de Almeida acrescenta: “A réplica surgiu através da ‘Resposta ás sete cartas, que tem por título, Antídoto Salutífero, em que se mostra o triunfo da religiam espiritual; e dos imperios no temporal. (…), Rio de Janeiro, Typographia de Torres, 1825, e na ‘Apologia da Religião no Espiritual; e dos Imperios no Temporal, contra as erradas doutrinas do fanatismo, e Hypocrisia, expendidas no Folheto Vovô Maçon, e nas sete Cartas, que tem por Titulo, o Antidoto Salutifero,’ Rio de Janeiro, Typographia de Torres, 1825, escrita por Domingos Alves Branco Moniz Barreto.”
Encadernação contemporânea, mal cuidada.